31 julho, 2017

PIMENTEL, Alberto - O QUE ANDA NO AR. [Lisboa], Officina Typographica da Empreza Litteraria de Lisboa, [1881]. In-8.º (18cm) de 311, [1] p. ; [1] f. il. ; E.
1.ª edição.
Invulgar e apreciado título da bibliografia de Alberto Pimentel. Trata-se de um conjunto de 29 crónicas jornalísticas sobre variados assuntos, com particular relevo para a política nacional, onde o autor faz uso da sua verve corrosiva. 
Ilustrado com o retrato do autor em extratexto.
"Lisboa está sendo o rendez-vous de todas as feras africanas. O vapor Bengo acaba de trazer de Loanda mais uma: é um jacaré sobrescriptado para o sr. Marianno de Carvalho
Não ha no que affirmamos a menor insidia. O Diario de Noticias dizia hontem em duas simples linhas:
«No vapor Bengo veio de Loanda um jacaré para o sr. Marianno de Carvalho.»
Este laconismo do nosso collega é proprio da sua ingenuidade caracteristica. Nós, porém, menos puro talvez, desconfiamos da marosca.
Uma pergunta nos ocorreu logo: para que veio o jacaré?
Para o sr. Marianno de Carvalho o domesticar e trabalhar com elle em publico?
Não. Porque seria esse um mau negocio, attenta a concorrencia do capitão Boone e de miss Milli Carlota.
Para o levar para o Diario Popular, educando-o a seu modo, e fazendo d'elle um jornalista de truz, que o possa ajudar nas lides jornalisticas futuras?
Não. Porque d'esse modo, alem de offender a susceptibilidade dos collegas, poria em risco a vidas de suas ex.as, logo que o jacaré acabasse de devorar o nariz do sr. Minhava.
Para o levar consigo ao ministerio do reino, a fim da fazer conter em respeitosa submissão o sr. José Luciano de Castro?
Não. Porque n'esse caso o sr. José Luciano de Castro pediria logo o auxilio da guarda municipal a fim de não ser comido mais uma vez.
Para que o substitua da regencia da cadeira da Escóla Polytechnica emquanto o partido progressista estiver no poder?
Não. Porque n'esse caso os alumnos da Escóla Polytechnica achariam uma certa differença para peior, e protestariam energicamente contra a substituição.
Então para que?"
(excerto de O Jacaré do Sr. Marianno de Carvalho)
Encadernação em meia de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pequena falha de papel no canto inferior esq. da f. anterrosto. Duas folhas restauradas no interior do livro.
Ex-libris do olisipógrafo Luís Pastor de Macedo.
Raro.
Indisponível

30 julho, 2017

CENSURA / sobre / O Regimento do Juiz do Povo, Procuradores, e Mesteres da Casa dos Vintequatro da Cidade do Porto / ou / BREVE RAZOAMENTO / sobre / A origem destes Homens publicos, e Representantes da terceira Ordem do Estado, e sua jurisdiçaõ, deveres, e funções dos seus officios, e utilidades vantajosas que do seu Regimento decisivamente resultaõ ao Soberano, ao Povo, e ao Estado / que contem / Monumentos antigos que extaõ no Archivo da Camara da quella mui antiga, nobre, e sempre leal Cidade, e que tanto sublimaõ, engrandecem, e felicitaõ os seus moradores. Londres: Impresso por W. Lewis, St. John's Square, 1814. In-8.º (21,5cm) de 56, [2] p.
1.ª edição.
Opúsculo publicado sob anonimato, sabe-se que o seu autor foi João Pereira Baptista Vieira Soares (1776-1852), advogado, natural do Porto. Esteve exilado no Brasil durante o reinado de D. Miguel I, entre 1828 e 1834, período durante o qual fez publicar folhetos críticos do regime, redigidos em tom cáustico contra D. Miguel, e tudo o que este representava.
No presente opúsculo, o autor reclama para o Porto gente capaz de assegurar a sua gestão municipal, independentemente do seu estatuto social, uma vez, em seu opinião, se encontra entregue a ineptos.
"Se as Confrarias resolviam o mais grave problema dos que trabalhavam nos mesteres - o da assistência em caso de necessidade -, não resolviam o da defesa dos mesteres nos municípios, enquanto estes não tivessem uma uma representação própria nos orgãos municipais. Apenas no final do século XIV surgiu a primeira expressão organizada com esta finalidade: a casa dos vinte e quatro.
Afirmação política dos mesteres nos concelhos ter representantes nos orgãos municipais, dois por cada doze dos ofícios mais importantes da cidade; participavam nas Assembleias Municipais com representantes eleitos, e nas eleições de procuradores ás Cortes.
No Porto, a Casa do Vinte e Quatro teve uma vida muito agitada, em grande parte devida á oposição que lhe era movida pelos mercadores. Mas sobreviverá até 1834, com alguns momentos de grande actividade: a luta contra a intervenção do papel selado em 1661; os protestos contra a criação do monopólio da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro em 1757, e por último a comparticipação na insurreição de 1808 contra a ocupação das tropas de Junot."
(fonte. http://www.filorbis.pt/educar/histFormProf010.htm)
 "Se as leis saõ a base da sociedade civil, consequinte he, que naõ saõ cousas, que possaõ acompanhar-se, o despotismo dos que mandaõ, e a felicidade dos que obedecem. Da justiça dependeo sempre o esplendor, e conservaçao dos Imperios; da sem justiça nasceraõ sempre oos desastres, e ruina dos povos. Os quaes, ainda que por dita sua os governe um Filosofo Legislador, por que naõ podendo elle por si só exercer os poderes da soberania, confia a outros a balança de pesar os direitos, e a espada de punir os crimes; carecem de Representantes, que longe do seu Rei os deffendaõ da prepotencia, e demasias da Nobreza, que tanto tem affligido o resto dos cidadaõs em todos os Estados, e Republicas."
(excerto da Censura ou Breve razoamento..., Ponto 1.º)
Exemplar desencadernado em razoável estado de conservação. As primeiras folhas apresentam falhas de papel nos cantos inferiores, sem no entanto, atingir a mancha tipográfica. No interior do livro, algumas folhas possuem antigas manchas de humidade.
Raro.
Com interesse histórico para a cidade do Porto.
Sem registo na BNP.
35€

29 julho, 2017

MARQUES, Manuel Fernandes - O CÃO DA SERRA DA ESTRÊLA : estalão da raça. Separata da «Revista de Medicina Veterinária» (N.º 268). Subsídios para o estudo das raças caninas nacionais. Lisboa, Tip. Henrique Torres, 1934. In-8.º (22cm) de 37, [1] p. ; [2] f. il. ; [2] desd. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Trata-se da primeira monografia dedicada ao estalão da raça do Cão da Serra da Estrela, publicada após a fundação do L. O. P., em 1932.
Ilustrado no texto com esboços, tabelas e fichas de classificação, e em separado, com 2 desdobráveis contendo desenhos do animal e desenhos esquemáticos, e 2 folhas impressas sobre papel couché contendo fotogravuras de exemplares da raça.
"Como fizéssemos parte da Comissão Técnica do L. P. O., e a necessidade da organização dos estalões se fizésse sentir, visto os produtores precisarem de se orientar na criação selectiva das raças, foi-nos dada a incumbência de, como relator, apresentar o estalão do «Serra da Estrêla».
Não é coisa fácil organizar um documento de tal natureza, dadas as dificuldades que surgem ao procurar-se a necessária bibliografia para conveniente documentação.
É muito escasso o que se tem escrito sôbre o Cão da Serra da Estrêla, e de tal fórma deficiente, que é quási inaproveitável para o fim que nos propuzemos.
Necessário se tornava, por conseguinte, para darmos um carácter de seriedade ao nosso trabalho, irmos junto do solar da raça observar de perto alguns exemplares no seu meio natural onde, sob os cuidados dos pastores, nascem, crescem, se multiplicam e morrem.
De facto, assim fizémos; e em peregrinação cinotécnica percorremos vários pontos do país e, em especial, a Serra da Estrêla e suas imediações, detendo-nos em todos os sítios que nos mereceram interêsse, alguns bem longe e de escabroso acesso, a-pezar-de os dizerem pertolinho, colhendo directamente preciosos elementos que nos levaram a organizar o estalão adeante indicado."
(Excerto da introdução)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

28 julho, 2017

INEZ, Artur - TOREL: - NORTE, 5853 : reportagem de rua. Lisboa, Livraria Editora Guimarães & C.ª, 1934. In-8.º (18,5cm) de 163, [5] p. ; E.
1.ª edição.
Capa de Roberto Nobre.
Romance policial cuja acção decorre em Lisboa, o único dentro deste género literário, publicado por Artur Inês (1898-1968), conhecido jornalista da primeira metade do século XX.
"- Allô! Allô! É do Norte, 5853? Não? Então não é da Polícia? O quê? Homem, fale claro... Da morgue? Bolas! Não é paea aí que eu desejo falar!
Os dentes do Gervásio tremiam nervosamente ao percrutir de novo o número 4, indicador da estação Norte, que êle reclamava, aflitivamente, havia cinco minutos.
De novo ouviu o sinal de que estava feita a ligação para a estação desejada e escutou a voz melíflua e enfadada da menina de serviço:
- Norte...
- 5-8-5-3.
De cigarro cravado nas comissuras dos labios, batendo com o pé e soltando pragas, o Gervásio esperou mais alguns minutos, até que o ouvimos de novo:
- Allô! Do Torel? Sim, sim. Isso... Aqui? Da redacção de O Sul. Sou eu, sou. Olhe lá: está aí o Custódio das Dores? Então chame-o depressa ao aparelho. Mas já. Tenho um quarto de hora, apenas, para fechar o jornal. Sim... Homem, avie-se..."
(Excerto do Cap. I, A grande notícia)
Encadernação em meia de sintético com cantos. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Aparado.
Muito invulgar.
Indisponível

27 julho, 2017

VIA-SACRA OU MODO PRATICO DE VISITAR AS CAPELLAS E IGREJA PRINCIPAL DO INSIGNE SANTUARIO DO SENHOR BOM JESUS DO MONTE, SITO NO MONTE ESPINHO, SUBURBIOS DA CIDADE DE BRAGA. Obra util, e proveitosa a todos os que quizerem lucrar as muitas Indulgencias, que os Summos Pontifices concedêrão aos que as visitarem. FEITO POR UM DEVOTO DO MESMO SENHOR. [Escudo de armas de Portugal encimado por coroa real]. Coimbra, Na Real Imprensa da Universidade. 1826. In-8.º peq. (14cm) de 95, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Vetusto guia do percurso da Via Sacra no magnífico santuário bracarense, exemplarmente informativo e descritivo, salvo melhor opinião, o primeiro saído dos prelos com estas características, e das mais antigas publicações sobre o Bom Jesus do Monte.
"O Santo exercicio da Via-Sacra he uma das obras mais meritorias e mais agradavel a Deos, que se póde praticar; foi devoção da mesma Virgem, de quem uma pia tradição diz, que depois da morte de seu amado Filho, ella frequentemente visitava as Estações da sua Paixão; era a devoção dos primeiros Christãos, que como escreve S. Jeronymo, não julgavão haver cumprido, nem haver merecido o nome de Christãos, em quanto não visitavão as Santas Estações, consagradas pelos soffrimentos do Senhor; he a devoção mais util ao homem, e a que mais lhe attrahe as bençãos do Ceo, pois, como diz Alberto Magno, uma breve meditação da Paixão de Jesus Christo traz mais proveito á alma, do que se jejuasse todo um anno a pão e agua, e se disciplinasse cada dia até derramar sangue; por quanto não deve haver fiel Christão, que deixe de exercitar um acto de tanta piedade, qual he a visita das Capellas de Igreja Principal do Senhor Bom Jesus do Monte; pois se em todas as Vias-Sacras, feitas com devoção, se lucrão tão innumeraveis thesouros de graças, quantos thesouros se poderão lucrar na Via-Sacra do Senhor Bom Jesus do Monte, onde vivamente se mostra o objecto, de que se trata, e se excita a piedade, para melhor meditar."
(Exhortação)
Encadernação coeva, simples, em meia de pele.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado, pastas e lombada acusam desgaste. Apresenta declaração de posse antiga no pé do frontispício.
Raro.
A Biblioteca Nacional conta com apenas um exemplar no seu acervo.
Indisponível

26 julho, 2017

ORTIGÃO, Ramalho - AS PRAIAS DE PORTUGAL : guia do banhista e do viajante. Com desenhos de Emilio Pimentel. Porto, Livraria Universal de Magalhães & Moniz, 1876. In-8.º (22,5 cm) de 144, [8] p. ; [12] f. il. ; [8] p. horários CF ; [8] p. ; E.
1.ª edição.
Curioso guia turístico das praias de Portugal, impresso em papel de superior qualidade. Trata-se da edição original de uma das mais apreciadas obras do autor.
"Subintitulado «Guia do Banhista e do Viajante», este livro de Ramalho Ortigão, publicado em 1876, não é mais do que um roteiro cheio de preciosos comentários que nos guiam pelas melhores praias do nosso país.
A viagem começa a norte, na Foz, e percorre a costa até chegar a Setúbal. Além de fazer a caracterização das praias, indica as precauções higiénicas a tomar, dá instruções sobre como prestar socorro aos afogados e aconselha as mães sobre o modo de tratar as crianças no período balnear."

(Fonte: almedina)
Ilustrado com 12 belíssimas gravuras intercaladas no texto. Na introdução - O mar - Ortigão tece algumas considerações sobre o mar e os seus habitantes com originalidade e graça, utilizando também citações de reputados cientistas. O livro inclui capítulos com conselhos sobre os tratamentos que o mar oferece, os cuidados com a saúde e as precauções a ter com a utilização dos banhos de mar, e ainda instruções de reanimação em casos de afogamento. Termina com conselhos às mães, para iniciar os filhos nos banhos de mar, pelos seus benefícios e bem estar físico. Contém, no final do livro, diversas páginas preenchidas com os horários dos Caminhos de Ferro.
"Assim como quatro quintas partes do corpo humano são agua, assim quatro quintas partes da grande corpulencia do globo são mar. Parecendo separar os homens, o bello destino eterno do mar é reunil-os.
A bacia do Mediterraneo confinava o mundo antigo habitado pelos gregos, pelos phenicios e pelos egypcios. Foi pelo Mediterraneo que partiram as primeiras colonias que povoaram a Africa e a Asia, estabelecendo o principio das nossas relações com o mundo novo. No Egypto, na Pentapotamia e na China as primitivas civilisações seguiram, segundo Humboldt, o curso dos rios e baixaram dos montes ao litoral. Na Phenicia, na Grecia, as primeiras expedições maritimas iniciaram os nossos dominios sobre as forças da natureza.
De tal modo o mar foi o primeiro guia da humanidade.
Amoravel e austero, foi elle que primeiro embalou o berço do homem e que em seguida o acordou para os nobres trabalhos, suggerindo-lhe as primeiras lições do universo."
(Excerto da introdução, O mar)

Índice: I - O mar. II - A Foz. III - Leça e Mathozinhos. IV - Pedrouços. V - A Povoa de Varzim. VI - A Granja. VII - De Pedrouços a Cascaes. VIII - Villa do Conde. IX - Espinho. X - A Ericeira. XI - A Nazareth. XII - A Figueira. XIII - Setubal. XIV - As praias obscuras: Ancora; A Apulia; Lavadores; O Furadouro; A Costa Nova; S. Martinho do Porto; A Assenta; Santa Cruz; S. Pedro de Moel; Porto Brandão; O Alfeite; A Fonte da Pipa. XV - O tratamento maritimo. XVI - Precauções hygienicas. XVII - Socorros aos afogados. XVIII - Reconstituição dos temperamentos e dos caracteres pelo banho frio.
Horarios dos Caminhos de Ferro.
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Apresenta leve desgaste nas pastas.
Invulgar.
Indisponível

24 julho, 2017

MARQUES, Dr. José Antonio - ESTUDOS ESTATISTICOS, HYGIENICOS E ADMINISTRATIVOS SOBRE AS DOENÇAS E A MORTALIDADE DO EXERCITO PORTUGUEZ. Relativos, pela maior parte, ao decennio decorrido de junho de 1851 a julho de 1861 : seguidos de numerosos dados comparativos em relação a differentes nações, e da indicação das providencias hygienicas que reclama o mesmo exercito. Pelo Cirurgião de Brigada Chefe da Sexta Repartição da Primeira Direcção do Ministerio da Guerra... Lisboa, Imprensa Nacional, 1862. In-8.º (20,5cm) de [4], 270, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante pioneiro trabalho oitocentista sobre as condições sanitárias do Exército Português. Ilustrado com inúmeros quadros e tabelas ao longo do livro.
Muito valorizado pela dedicatória manuscrita do autor ao Visconde de Carreira, [Luís António de Abreu e Lima].
"D'esta epocha em diante, - a do decennio, que com este trabalho completâmos, - já outra póde ser a maneira de dirigir similhantes indagações, mais d'acordo com as bases do plano geral de estatistica que se adoptar dos differentes ramos; e como modificação essencial a estabelecer, além da relação dos annos civis, achámos que se deve haver a de corollarios baseados em investigações por quinquenios, ao mesmo, visto a vantagem que resulta para a estatistica da comparação de periodos mais longos do que aquelles em que até agora temos procurado esclarecimentos e conclusões, isto sem prejuizo de ir em cada anno reunindo os dados necessarios para o estudo final."
(excerto da introdução)
Índice:
Duas palavras de introducção.
Primeira parte - Doenças e mortalidade em referencia e differentes questões. Preliminares: I. Numero de doentes tratados nos hospitaes militares. II. Distribuição dos doentes por classes. III. Mortalidade geral. IV. Mortalidade por armas e por classes. V. Duração do tratamento nos hospitaes. VI. Numero permanente de doentes e sua proporção por 1:000 homens. VII. Proporção dos mortos para os curados. VIII. Saidos por inspecção. IX. Tratamento dos doentes militares nos hospitaes civis.
Segunda parte - Predominio de differentes especies morbidas. Preliminares: I. Febres intermittentes. II. Molestias de peito. III. Febres typhoides. IV. Molestias d'olhos. V. Embaraços gastricos. VI. Dermatoses. VII. Rheumatismos. VIII. Molestias venereas e syphiliticas. IX. Meningo-encephalites. X. Variola. XI. Affecções mormosas. XII. Lesões do coração e dos grossos vasos. XIII. Anemias e asthenias; escrofulas. XIV. Adenitas. XV. Molestias simuladas e pretextados. XVI. Suicidios e accidentes.
Terceira parte - Questões geraes de hygiene e de administração. Conclusões: I. Factos demonstrados na estatistica, e corollarios para servirem á discussão das questões hygienicas e administrativas. II. Causas geraes dependentes da falta de providencias em hygiene publica. III. Melhoramentos a fazer na hygiene do soldado para evitar a predominancia das doenças que dependem em especial da viciação atmospherica. IV. Melhoramentos a fazer na hygiene do soldado em quanto á administração das substancias alimentares. V. Melhoramentos a adoptar na hygiene do soldado quanto aos cuidados de limpeza corporal e aos de vestuario. VI. Sobre algumas molestias que podem ser evitadas com cuidados especiaes de prophylaxia dependentes do exercito. VII. Consequencias.
Synopse geral por ordem alphabetica de todas as doenças ou grupos de doenças de determinados generos, observados nos hospitaes militares desde o 1.º de julho de 1860 até 30 de junho de 1861.
Exemplar brochado, parcialmente por abrir, em bom estado de conservação. Capa apresenta falha de papel no canto inferior dto.
Raro.
Sem registo na BNP.
45€

23 julho, 2017

LUIS, Washington - CAPITANIA DE SÃO PAULO : Governo de Cesar Rodrigues. Por... 1918. São Paulo, Typ. Casa Garraux, 1918. In-8.º (22,5cm) de 168, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Edição original deste importante trabalho histórico sobre a Capitania de São Paulo.
"Reorganizando, pelo alvará de 2 de Dezembro de 1720, o sul da colonia americana, D. João V estabeleceu a nova capitania de Minas Geraes no districto das minas, desmembrando-a da capitania de São Paulo, e a esta acrescentou parte do territorio do Rio de Janeiro.
A capitania de São Paulo, assim reconstituida, compreendia um territorio que, a leste, ia entestar com a recem-creada capitania de Minas Geraes, guardados entre ambas os limites das ouvidorias de São Paulo e do Rio das Mortes, e que se desenvolvia pelo littoral abrangendo as villas de Paraty, Ubatuba, São Sebastião, Santos, desannexadas do Rio de Janeiro, e mais villas, que ficassem ao sul, até as indeterminadas fronteiras hespanholas; pelo sertão, ao norte e a oeste, as suas fronteiras seriam aquellas que a ousadia dos paulistas traçasse com suas aventuras e conquistas."
(excerto do Cap. I, A Capitania de São Paulo...)
Washington Luís Pereira de Sousa (Macaé, 26 de outubro de 1869 - São Paulo, 4 de agosto de 1957). "Foi um advogado, historiador e político brasileiro, décimo primeiro presidente do estado de São Paulo, décimo terceiro presidente do Brasil e último presidente efetivo da República Velha.
Foi deposto em 24 de outubro de 1930, vinte e um dias antes do término do seu mandato como presidente da república, por um golpe militar, que passou o poder, em 3 de novembro, às forças político-militares comandadas por Getúlio Vargas, na denominada Revolução de 1930. Foi o criador do primeiro serviço de Inteligência do Brasil em 1928. O apelido que o definia era Paulista de Macaé, pois, embora nascido no estado do Rio de Janeiro, sua biografia política foi toda construída no estado de São Paulo. Foi chamado também de O estradeiro, e, durante a Revolução de 1930, de Doutor Barbado pelos seus opositores."

(fonte: wikipédia)
Encadernação em meia de chagrin com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Apresenta desgaste no topo da lombada.
Raro.
Com interesse histórico.
50€

22 julho, 2017

XAVIER, Caldas - O 20 DE MARÇO OU A REBELIÃO DE ANGOLA E A BOMBA. [Luanda], Composto e impresso na Tipografia Liberty, 1930. In-8.º (21,5 cm) de 207, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Dedicatória (impressa) "a Sua Excelencia o Ministro das Finanças, Dr. Antonio de Oliveira Salazar, cuja acção inteligente, como Ministro das Colonias, interino, se fez sentir nos acontecimentos de Angola, de 20 de Março".
Narrativa referente aos conflitos entre militares em Angola nos primeiros anos da Ditadura, mais tarde conhecida por Estado Novo, que culminaria no assassinato do Tenente Morais Sarmento, na madrugada de 20 de Março de 1930. O sucedido teve grande repercussão na vida política e militar da colónia, que se estendeu à metrópole.
"Nessa noite deitei-me mais tarde; eram perto das duas horas quando recolhi a casa. [...] E, ou porque estivesse muito calôr, ou ainda porque tencionasse levantar-me cedo, o que é certo é que deixei nessa noite as janelas abertas de par em par.
Cêrca das 3 horas acordei sobressaltado: ia jurar que ouvira tiros, que ouvira uma descarga de fuzilaria para os lados do Palácio do Governo.
Mas, poderia lá ser, em Loanda, numa cidade pacata, e aquela hora, semelhante coisa?!
Não, com certeza, que sonhara.
Quando, porém me dispunha a recomeçar o sono, ouvi distintamente tiroteio. Levantei-me de um pulo da cama, muito surpreendido, muito intrigado.
O que haveria?!
Estava quasi vestido quando novamente, soou uma nova descarga, ouvindo, por essa ocasião, gritos lancinantes de mulher; e, tão nitidamente, que supuz que, o que se estava passando, não era muito distante de minha casa..."
(excerto de Tragédia, A Rebelião)
Índice:
Prefácio. «Mea-culpa». Biografias dos 3 aulicos mais chegados do Alto Comissário: João Ferreira Martins; Henrique Augusto da Silva Viola; Alfredo de Morais Sarmento. Antecedentes: A acção política do Alto Comissário; O jornal «Portugal» e a sua orientação; Os inquéritos; Associação Comercial de Loanda; Os assaltos ás lojas maçonicas; Inauguração do Conselho do Governo e a sua segunda sessão; De quem será a triunfo? A Rebelião: Tragédia; Conselho do Governo convocado, pelo Vice-Presidente, Chefe de Rebelião. A Marcha dos Acontecimentos: Do dia 20 de Março a 14 de Abril. Resposta ao livro do Sr. Cunha Leal: Destruindo afirmações. Os ultimos acontecimentos e a bomba.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas manuseadas, com defeitos e pequenas falhas de papel.

Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

21 julho, 2017

GRACIAS, Caetano - VELHA GOA : e seus monumentos e reliquias da antiga glória dos Portugueses e da civilização cristã. Memória Histórico-Arqueológica. (Com ilustrações). Segunda edição. Por... Nova Goa, Tipografia Central, 1932. In-8.º (18cm) de [4], VIIII, 70 p. ; [11] f. il. ; B.
Curiosa monografia de Goa, nessa época ainda sob domínio português.
Ilustrada extratexto com 11 fotogravuras a p.b. de edifícios e monumentos relevantes.
Valorizada pela dedicatória manuscrita do autor ao Dr. Manuel Rodrigues Júnior, Ministro das Colónias.
Segunda edição, preferível à primeira, publicada em 1922, porque substancialmente mais acrescentada e ilustrada e, nas palavras do autor, corrigida de erros históricos.
"Essa Cidade, [Goa], iniciadora e mestra do culto e da civilização no Oriente, foi o núcleo vital de um organismo exuberante, o centro activo de todo o Portugal dominial do Rei venturoso e de alguns seus successores, o ninho primévo, geratriz, donde desabrolhou o império português na índia."
(excerto do prefácio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Livro vincado ao centro, na vertical.
Raro.
Com interesse histórico.
15€

20 julho, 2017

OLIVEIRA, Francisco Xavier d'Athayde - AS MOURAS ENCANTADAS E OS ENCANTAMENTOS NO ALGARVE. Com sete gravuras, uma canção para piano e algumas notas elucidativas ao texto.. Por... Bacharel formado em Theologia e Direito pela Universidade de Coimbra, e Conservador Privativo do Registo Predial da comarca de Loulé. Tavira, Typographia Burocratica, 1898. In-8.º (21cm) de XXV, [1], 302, [8] p. ; [8] f. il. ; B.
1.ª edição.
Edição original desta belíssima recolha de lendas algarvias. Ilustrada com oito bonitas fotogravuras intercaladas no texto.
"Em um dia de primavera do anno 1249 perceberam os christãos dos arredores de Loulé grande arruido de armas e vozes na parte interior do castello. Os vigias corriam pelas ameias, os chefes cabildas empunhavam as suas cimitarras, os atabales e anafis soavam ferozmente por entre a mais estrondosa algazzarra. No meio de todos, o governador do castello, com o seu turbante verde, distintivo manifesto de que estava revestido das honras de xarife inherentes ao mouro que por tres vezes visita Meca, dava ordens precizas, e corria a todos os logares, onde a sua presença era necessaria, com uma prontidão de pasmar.
Era o governador do castello um mouro valente e arrojado. Nascera em Tanger, onde de criança começara a exercitar-se nas armas, sem prejuizo dos estudos profundos das sciencias do seu tempo. Conhecia os segredos dos combates como os misterios da magia: era um soldado invencivel e um crente convicto. Na manhã d'este chegara ao castello das bandas de Faro um adail com más novas: Affonso 3.º tomara o castello de Faro e commettera a D. Paio Peres Correia a missão de atacar com a maior presteza o castello de Loulé."
(excerto de O Combate)
Índice:
Introducção. Loulé; O Combate; A Moura Cassima; Outras Mouras Encantadas de Loulé; Casos Modernos em Loulé; Lenda em verso da Moura Cassima; A Moura de Salir; A Moura de Alte; A Moura de Ameixial; A Moura de Querença; Referencias de Boliqueime; Referencias de Almancil; Os Mouros de Albufeira; As Mouras de Paderne; As Mouras de Faro; O Encantamento de Estoy; Os Mouros de Alportel; A Moura de Olhão; Moncarapacho; O Abysmo dos Encantados; A Torre de Bias; Tavira; O Poço de Vaz Varella; A Moura do Castello de Tavira; Os Mouros de Castro Marim; A Moura de Alcoutim; A Moura de Vaqueiros; A Moura de Giões; A Moura de Silves; O Encantamento de Algós; A Moura de Pera; A Encantada de Porches; Estombar; A Zorra Berradeira; Gens ou Jens; A Cobrinha do Barranco; O Tacho do Thesouro; A Fonte Coberta; O Forno da Cal; O Palacio sem Portas; A Mourinha de Bensafrin; O Touro de Carapetola; A Fonte de Espiche; Dom Almendo; Notas.
Francisco Xavier de Ataíde Oliveira (1842-1915). “Nasceu em Algoz, concelho de Silves, a 10 de outubro de 1842, e morreu em Loulé a 20 de novembro de 1915. Originário de uma família de pequenos proprietários agrícolas, frequentou os estudos preparatórios no Liceu de Faro e matriculou-se no Seminário de São José, a fim de seguir a vida eclesiástica, concluindo o curso em 1866. Em 1968 foi consagrado presbítero, desempenhando funções de Capelão da Universidade de Coimbra, na qual se formou em Direito (1874) e Teologia (1875). Em 1885 foi nomeado Conservador do Registo Predial de Loulé, serviço onde desempenhou as funções de Conservador adjunto desde 1882. Enquanto jornalista, desenvolveu uma colaboração regular com a imprensa regional, tendo sido autor de publicações que versaram os domínios da história, arqueologia e etnografia. Ainda neste âmbito fundou e dirigiu o primeiro jornal em Loulé, O Algarvio, periódico regionalista que manteve atividade entre 1889 e 1893. O seu contributo no domínio da etnografia portuguesa no final do século XIX centrou-se nos estudos pioneiros da literatura oral e tradições populares algarvias. Durante a sua passagem por Coimbra, que se prolongou até 1875, privou com algumas das personalidades proeminentes da “Geração de 70”, nomeadamente com Teófilo de Braga, reconhecendo-se as suas influências no domínio histórico e etnográfico relativo à recolha do romanceiro e do lendário algarvio, que constituiu o essencial das principais obras etnográficas de Ataíde Oliveira. Da sua produção etnográfica destaca-se a obra As Mouras Encantadas e os Encantos do Algarve (1898), considerado o seu primeiro ensaio sobre tradições populares, lendas e superstições. Publicou Contos infantis (1897) e Contos tradicionais do Algarve (2 vols., 1900 e 1905), Romanceiro e Cancioneiro do Algarve – Lição de Loulé (1905), estudos que resultaram da compilação da tradição oral regional, compreendendo contos, lendas, orações, superstições e ladainhas populares, entre outras formas de narrativas populares.”
(fonte: http://www.matrizpci.dgpc.pt/)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cadernos soltos por ausência da lombada. Capas frágeis com defeitos. Pelo interesse e raridade, justifica  reparação e encadernação.
Raro.
Indisponível

19 julho, 2017

MOREIRA, David Bruno Soares - TERRAS DE TRANCOSO (Edição do Autor). Pôrto, Tipografia da Emprêsa Aquila, 1932. In-8.º (19cm) de 57, [7] p. ; [16] f. il. ; B.
1.ª edição.
Bonita monografia de Trancoso. Ilustrada em separado com 16 clichés de Marques Abreu referentes a edifícios e monumentos de relevo.
Livro valorizado pelas duas dedicatórias autógrafas do autor em folhas diferentes.
"O nosso sono prolongado pela fadiga da viagem, pela suavíssima temperatura do mês de Maio, pelo ar oxigenado próprio da elevada altitude a que nos encontramos, 898m, termina quando o sol bem alto, no seu glorioso meio dia, derrama sôbre a Terra a sua luz heróica e santa.
Saímos e percorrendo a Vila procuramos o ponto mais alto para fazermos uma idéa da sua situação.
Subindo pequenas vielas, onde a cal branquejava, passamos a porta do Castelo, limpo e aceado, e subimos vagarosamente à alta Tôrre de Menagem, semelhante a um pilone egípcio, com a sua porta característicamente árabe ao centro e que se chamava noutros tempos tôrre Albarrã, onde se guardava o tesouro real, e que hoje é única no país pela sua forma pouco vulgar.
Do alto da tôrre hoje ameiada, contemplamos surprêsos a vastidão da Terra.
Sob os nossos olhos deslumbrados, e, sôbre um lindo planalto do último contraforte da serra da Lapa, desenrola-se um horizonte vastíssimo que, chio de grandeza e magnificiência, abrange centenas e centenas de quilómetros."
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas sujas com pequenos defeitos.
Raro.
Indisponível

18 julho, 2017

LISBÔA-PORTO : numero unico. Publicado pela Imprensa de Lisboa em beneficio das victimas sobreviventes do incendio do Theatro Baquet. Lisboa, Imprensa de Lisboa, 1888. In-folio (37x48,5cm) de [20] p. ; [6] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Belíssima edição publicada para efeitos de solidariedade com os sobreviventes do incêndio no Teatro Baquet, no Porto, ocorrido em 20 de Março de 1888.
Capas de Rafael Bordalo Pinheiro.
Obra colaborada pela família real, e por muitas personalidades do meio artístico e cultural da época.
Inclui 6 fac-símiles de desenhos em folhas separadas, respectivamente, do rei D. Luís I, da rainha D. Maria Pia, do príncipe D. Carlos, de D. Amélia, do infante D. Afonso e da actriz Sarah Bernhardt.
Ilustrações no interior da autoria de, entre outros: Columbano Bordallo Pinheiro; escultor Soares dos Reis; J. Moura Gyrão, Moreira Rato; Enrique Casanova; Alfredo Gameiro; Félix da Costa; Silva Porto; Maria Augusta Bordallo Pinheiro; Francisco Villaça; Malhôa; Hogan.
Textos de, entre outros: Luís Augusto Palmeirim; Eduardo Coelho; Jayme Victor; Theophilo Braga; Gervasio Lobato; Eça de Queiroz; Sousa Viterbo; Andrade Corvo; Conde de Sabugosa; Bento Moreno [Teixeira de Queiroz]; Jayme Batalha Reis; Eduardo Coelho Junior; Ramalho Ortigão; Bulhão Pato; Julio Cesar Machado; Brito Aranha; José Caldas; João de Deus.
"Um povo que durante dois seculos se entreteve a queimar gente em jubilosos magustos publicos, organisados pelos representantes da Egreja, precisava bem de todas as lagrimas do enternecimento e da piedade mundana, inspiradas pelo incendio do theatro Baquet, para dar a Deus offendido uma reparação de honra.
A julgar pelo dôce encanto excepcional com que ainda hontem á noite a moderna arte palpitava na scena e as lindas mulheres estremeciam na sala do theatro D. Maria, dentro do mesmo recinto em que com tanto applauso debutou a Companhia de Jesus um pouco antes da Companhia de Sarah Bernhardt, eu conjecturo que Deus se deve achar satisfeito.
Parabens, meu Deus! Parabens, meus senhores!"
(Ramalho Ortigão - texto que acompanha o desenho de Sarah Bernhardt)
Exemplar brochado em bom estado geral, com excepção das capas que estão separadas do corpo do livro e apresentam diversos defeitos, rasgões e falhas de papel. Também as primeiras folhas registam pequenas falhas de papel no pé e à cabeça. Pelo interesse e raridade a justificar restauro e encadernação.
Raro.
Peça de colecção.
Indisponível

17 julho, 2017

COSTA, Henrique Luiz Feijó da - DESCRIPÇÃO DAS ARMAS REAES DE PORTUGAL. Dos brazões das cidades e das principais villas do Reino, e explicações das insignias d'algumas d'ellas. Por... Lisboa, Typ. Lisbonense de Aguiar Vianna, [1857]. In-8.º (15cm) de 48 p. ; B.
1.ª edição.
Curioso opúsculo, publicado pelo autor quando ainda adolescente.
Cidades e vilas consideradas:
Abrantes; Albufeira; Alemquer; Ancições [Ansiães]; Arraiolos; Aveiro; Alter do Chão; Aviz; Barcellos; Béja; Beringel; Borba; Braga; Bragança; Cabeça de Vide; Campo Maior; Campo d’Ourique; Castello Branco; Castello Rodrigo; Castello de Vide; Celorico; Certã; Chaves; Cintra; Coimbra; Coruche; Covilhama [Covilhã]; Elvas; Ericeira; Extremoz; Evora; Faro; Freixo d’Espada á Cinta; Funchal; Goa; Gouvea; Grandola; Guarda; Guimarães; Idanha a Nova; Juromenha; Lagos; Lamego; Leiria; Linhares; Macau; Miranda; Monforte; Monsanto; Monte-Mór-o-Novo; Monte-Mór-o-Velho; Monção; Moura; Mourão; Niza; Obidos; Olivença; Ourem; Palmella; Penella; Pedrogão Grande; Penafiel; Penamacor; Pinhel; Ponte de Lima; Portel; Portalegre; Porto; Povos; Sabugal; Santarem; Silves; Setubal; Sortella; Tavira; Thomar; Torre de Moncorvo; Torres Novas; Torres Verdras; Trancoso; Valença; Vianna do Minho; Villa do Conde; Villa Nova da Cerveira; Villa Ferreira; Villa Flor; Villa de Mello; Villa Real; Vizeu.
Sobre esta obra e o seu autor, com a devida vénia, transcrevemos um excerto do excelente trabalho de Miguel Metelo de Seixas - Heráldica, representação do poder e memória da nação o armorial autárquico de Inácio de Villena Barbosa (Universidade Lusíada, 2011)
Henrique Luís Feijó da Costa (1842-1864) nasceu a 10 de Outubro de 1842, sendo filho de José Luís da Costa e de D. Maria do Carmo Feijó de Sousa e Mello; era neto materno de José Feijó de Mello e Albuquerque, chanceler-mor do Rio de Janeiro, e sobrinho de Diogo António Feijó, bispo de Mariana e também ele personagem grada do Império do Brasil. CHAGAS, M. Pinheiro, op. cit., pp. 17-20.
O autor entroncava, pelo lado materno, numa linhagem da alta sociedade brasileira, e viria a dedicar-se aos estudos de história da arte, nos quais se distinguiu. Este precoce investigador, intrigado com os enigmas colocados pelos emblemas coloridos que admirara nas festas da aclamação de D. Pedro V, dedicou-se ao estudo das fontes da heráldica municipal. Em resultado das suas pesquisas, veio a coligir um volume publicado em 1857, a expensas da família, sob o título Descripção das Armas Reaes de Portugal. Dos brazões das cidades e das principaes villas do Reino, e explicação das insignias d’algumas dellas. O opúsculo contava meia centena de páginas, iniciando-se com uma breve dissertação sobre a origem e as variações históricas das armas reais. Logo aí, o autor revelava certo espírito crítico: ao invés de se cingir à explanação mítica tradicional, o seu texto mesclava a menção das origens lendárias com a procura de factos documentados, num esboço polémico que incluía um incipiente “estado da questão” sobre o tema das armas reais vista à luz da discussão, então em curso, em redor do milagre de Ourique. Seguiam-se, por ordem alfabética, as armas das cidades e vilas principais do reino. Todas apresentavam o respectivo ordenamento heráldico, embora só para algumas Feijó da Costa tivesse encontrado qualquer género de explicação; limitação que, aliás, deixara explícita no próprio título do volume. Ao todo, eram dadas à estampa as descrições de 84 armas municipais. [...] Dava-se primazia às armas reais, entendidas como símbolo próprio não só do rei, mas sobretudo do reino e da sua continuidade, operada sob a égide dinástica: neste sentido, as variações da heráldica régia eram entendidas como resultantes de circunstâncias históricas, que aquelas espelhavam. As armas das cidades e vilas formavam um conjunto que o autor procurou completar tanto quanto pôde, dando notícia de 82 povoações do reino e duas ultramarinas (Goa e Macau) apresentadas por ordem alfabética, numa espécie de rastreamento heráldico do território metropolitano. Desta forma, articulava-se a caracterização das armas do reino, representativas da organização política central, com as dos municípios, identificativas dos corpos administrativos locais. [...]
Pelo seu carácter inovador, e por responder a um tema que havia suscitado manifesta curiosidade popular, seria expectável que o livro de Feijó da Costa colhesse êxito e passasse à posteridade como difusor de um saber até então não publicitado. Mas não foi assim. O armorial passou quase despercebido aos olhos dos seus contemporâneos, e jouve praticamente esquecido até aos nossos dias. Diversos factores ajudam a compreender o insucesso da Descripção…: em primeiro lugar, a sua reduzida tiragem editorial e as circunstâncias peculiares que lhe deram origem. O compilador, não obstante a sua manifesta erudição, não passava de um jovem ainda sem carreira definida, cuja obra fora realizada num âmbito diletante, beneficiando do investimento familiar ou mecenático para a respectiva edição. Deveria tratar-se de um volume considerado com interesse, talvez com orgulho, pelos que tinham relações pessoais com o autor, mas desprovido de divulgação fora do círculo restrito dos seus conhecidos: progenitores, parentes, mestres, patronos, colegas, amigos. Uma obra curiosa, denotativa de um talento que começava a afirmar-se. As características gráficas do livro coadunavam-se com tal espírito, pois a única imagem visível era a das armas reais, figuradas na capa; das 84 insígnias municipais, apenas constavam os respectivos ordenamentos heráldicos, evidentemente pouco propícios para captar a atenção dos leigos na matéria. A nomeada das suas investigações consagradas jamais chegou a projectar-se retrospectivamente sobre aquele seu primeiro trabalho do foro heráldico, para o que terá contribuído a circunstância de Feijó da Costa ter sofrido uma morte precoce, aos 22 anos de idade, não chegando portanto a produzir as obras e obter a consagração pública que os seus trabalhos deixavam prever. Por esta série de motivos, a Descripção das Armas Reaes de Portugal. Dos brazões das cidades e das principaes villas do Reino, e explicação das insignias d’algumas d'ellas permaneceu conhecida de poucos, não chegando a gozar da projecção que poderia ter resultado quer da sua qualidade, quer do seu carácter inovador.
A data da edição não consta da obra, mas é dada por SILVA, Innocencio Francisco da; ARANHA, Brito, Diccionario…, vol. X, pp. 15-16."
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas simples, lisas. Páginas apresentam manchas de oxidação e pequenos defeitos nas margens.
Muito raro.
Peça de colecção.
A Biblioteca Nacional possui apenas um exemplar.
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16 julho, 2017

MAGOG, H. J. - UMA ILHA CAIU DO CÉU (L'ile tombée du ciel). Tradução de M. Motta Cardoso. Lisboa, Edição da Empresa Nacional de Publicidade, [195-]. In-8.º (17cm) de 161, [3] p. ; B. Colecção "Aventuras", 5
1.ª edição.
Curioso romance de espionagem e ficção científica. Publicado originalmente em França, em 1923. Belíssima capa de autor não declarado.
"Naquele maravilhoso dia de Primavera respirava-se em Paris um ambiente estranho. Fazendo sobressair ainda mais a pureza gloriosa do céu muito azul, raras nuvens brancas pareciam suspensas por fios invisíveis da colossal abóbada. Contrastando singularmente com a alegria transbordante da Natureza, uma multidão, sinistra, pesada e taciturna, deambulava sem cessar por ruas e praças, mais semelhante a tábua vogando sobre as ondas sem destino do que conjunto de seres humanos e inteligentes. Uma expressão colectiva de angústia convulsionava os rostos. Por instinto, todos os olhares se elevaram para o céu azul, como se uma ameaça estivesse prestes a tombar sobre a imensa mole humana e fosse o Firmamento a porta pela qual devia surgir a hecatombe.
Nas proximidades do Observatório Astronómico, na Avenida do Luxemburgo e boulevard Saint Michel, a aglomeração era, se possível, ainda maior. Assemelhando um mar imenso, as vagas da turba morriam de encontro ao gradeamento que protege o Observatório; em cada rosto um par olhos fixos no mesmo ponto."
(excerto do Cap. I)
Henri-Georges Jeanne (1877-1947). Romancista francês, mais conhecido pelo pseudónimo H. J. Magog. Utilizou outros nomes: Henri Jeanne, Jean de La Tardoire e Jean Noal. Escritor a tempo inteiro a partir de 1910, publicou romances policiais, sentimentais e de ficção científica (este último é considerado o género mais interessante da sua produção literária). No período que mediou entre as duas Guerras Mundiais, conviveu com outros escritores de romances populares: Arthur Bernède, Gaston-Charles Richard, Jean Joseph Renaud, Pierre Chanlaine e Pierre Benoit.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

14 julho, 2017

CARTA SUBMARINA : publicada pelo Bureau da Imprensa Britanica em Lisboa. Lisboa, Typographia do Annuario Commercial, 1917. In-8.º (18cm) de 8 p. (inc. capas). Série de Notas sobre a Guerra, N.º 9
1.ª edição.
Opúsculo de propaganda de guerra britânica com referências a Portugal em termos pouco abonatórios.
"Segundo o Kystfareren encontrou-se no corpo dum oficial alemão morto no Somme a seguinte carta que lhe foi dirigida pelo seu irmão, comandante dum submarino alemão. Dá uma idêa de vida a bordo dum submarino alemão:
«Meu caro Ludwig:
Muitas vezes me envergonho do bem estar de que gosamos a bordo dos submarinos, comparado com o sofrimento e as privações de que sofre a nossa familia na patria e vós na frente de batalha. Aqui comemos e bebemos quanto temos na vontade. Temos sempre provisões amplas de reserva, em que não precisamos tocar porque podemos obrigar os navios que encontramos a fornecer-nos o necessário.
O único artigo que pagamos é a benzina que tiramos dos navios espanhoes. Mandamo-los parar e obrigamo-los a entregar o que nós pedimos. [...]
Ha já quatro mezes que não tenho torpedos a bordo, nem me tem sido possivel obtê-los. Tenho tido portanto de atacar navios mercantes só com tiros de peça, o que é extremamente dificil e arriscado visto estarem armados os navios francezes e britanicos. [...]
Pelo que tenho lido não posso deixar de pensar que o melhor que a Alemanha tem a fazer é retirar-se deste negocio o mais depressa possivel, pois o unico resultado que ela tirará da guerra é uma grande conta a pagar. [...]
Ha bastante tempo já que nos achamos no caminho do comercio entre a Argelia e a França. Temos uma base em B. nas Ilhas Baleares. Já desembarquei ali duas vezes este mez; sabe tão bem estender as pernas. Era muito mais divertido o cruzeiro no Atlantico ao largo da costa de Portugal, - tinhamos então a nossa base nas Ilhas Canarias. Aqueles idiotas de Portugal deviam ter sabido isso! [...]
Na Alemanha sabem que o meu barco é inferior tanto em armamento como em velocidade e por isso não me dão tarefas dificeis. Em geral dou caça aos barcos de pesca e aos navios veleiros; nisto não ha grande risco.»"
(excerto da Carta)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
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13 julho, 2017

ARRIAGA, Kaulza de - A DEFESA NACIONAL PORTUGUESA NOS ÚLTIMOS 40 ANOS E NO FUTURO. Conferência proferida em Outubro de 1966, nas Comemorações do XI Aniversário da Revolução Nacional. [S.l.], [s.n.], [1966]. In-4.º (24cm) de 70, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do General ao Capitão Rui d'Orey Pereira Coutinho, datada de 20/11/66.
"1. Desde fins de 1962, e apesar de algumas solicitações, me tenho furtado a efectuar declarações públicas.
Abro hoje uma excepção a tal atitude ao preferir a conferência que segue. E faço-o porque, dada a sua natureza, em grande parte relativa à construção do futuro português, entendo a ninguém ser permitido, quando solicitado por quem de direito, omitir o seu depoimento honesto, construtivo e sem restrições.
2. Este compreende uma 1.ª parte, referente à defesa nacional portuguesa nos últimos 40 anos, onde, além do movimento de 28 de Maio e da sequente segurança da vida nacional, refiro o progresso verificado nas instituições de defesa e a actuação no âmbito da mesma defesa.
Na 2.ª parte - a defesa nacional portuguesa no futuro -, tendo em consideração os factores enquadrantes, que são a conjuntura mundial e a estrutura da Nação Portuguesa, analiso o problema estratégico nacional, enunciando as soluções que me parecem mais adequadas."
(excerto da introdução)
Índice:
1.ª Parte - A Defesa Nacional Portuguesa nos Últimos 40 Anos
O movimento de 28 de Maio e a segurança na vida nacional.
Evolução das instituições de defesa - Sentido nacional e coordenação das instituições de defesa. Actualização das instituições de defesa: Exército; Armada; Força Aérea; Sistema de comunicações interterritorial; Indústria militar.
Actuação no âmbito da defesa.
Guerra de Espanha; Segunda guerra mundial; Aliança atlântica; Facilidades concedidas à França e à Alemanha; Ocupação da índia Portuguesa; Guerra em África.
Balanço de 40 anos de vida e acção das instituições de defesa.
2.ª Parte - A Defesa Nacional Portuguesa no Futuro
Passado e futuro
O panorama estratégico mundial: Mutações estratégicas resultantes do progresso técnico; Mutações estratégicas resultantes da evolução geográfica; Equilíbrio clássico-nuclear e suas consequências.
A estrutura da nação portuguesa: Qualidades e fraquezas de Portugal; Política ultramarina portuguesa.
O problema estratégico português: Estratégia estrutural e acção estratégica; Estratégia estrutural - Fraquezas estruturais portuguesas; Comunicações interterritoriais; Desenvolvimento económico; Crescimento demográfico e povoamento de Angola e Moçambique; Educação e investigação.
Acção estratégica: Esforço da acção estratégica; Acção estratégica relativa à Europa; Acção estratégica relativa à África - Princípios e inimigo; Acção externa; Acção interna; Acção nas linhas de comunicação interterritoriais; Informações; Obtenção de material de guerra; Constituição das forças armadas e sua preparação e administração.
Considerações finais.
Kaúlza Oliveira de Arriaga (1915-2004). “O General Kaúlza de Arriaga, cuja família paterna é oriunda dos Açores, nasceu no Porto, em 18 de Janeiro de 1915, onde fez os seus estudos universitários de Matemática e de Engenharia. Ingressou depois na Academia Militar, formando-se em Engenharia. Foi um dos melhores alunos daquela Universidade e desta Academia. Mais tarde, no Instituto de Altos Estudos Militares, frequentou o Curso de Estado-Maior e o Curso de Altos Comandos. Neles se distinguiu.
Exerceu os cargos de chefe de gabinete do Ministro da Defesa Nacional (1953/1955), de Subsecretário e Secretário de Estado da Aeronáutica (1955/1962), de professor do Instituto de Altos Estudos Militares(1964/1968), de presidente da Junta de Energia Nuclear(1967/1969 e 1973/1974), de administrador por parte do Estado e presidente executivo da empresa mista de petróleos "Angol, SA"(1966/1969 e 1973/1974), de comandante das Forças Terrestres em Moçambique(1969/1970) e de comandante-chefe das Forças Armadas na mesma Província(1970/1973). Desempenhou, ainda, as funções de vogal do Conselho Ultramarino(1965/1969 e 1973/1974), de presidente da assembleia geral da empresa de fibras sintéticas "Finicisa, SA"(1968/1969 e 1973/1974), de presidente da Federação Equestre Portuguesa (1968/1971) e de membro do Conselho da Ordem Militar de Cristo(1966/1974).
Político, professor, conferencista, escritor, dirigente e membro de organismos científicos e administrador público e privado, foi, sobretudo, militar e chefe militar.
Como político, Kaúlza de Arriaga manteve em permanência uma posição, a nível nacional, do maior patriotismo, favorável a um espaço português euro-afro-asiático grande fisicamente, próspero do ponto de vista económico e de vanguarda no domínio étnico-social. Serviu leal e convictamente com Salazar e Caetano, mas denunciou, sempre que necessário e sem a protecção da clandestinidade nem da demagogia da publicidade, insuficiências e erros no regime de então. Em particular, em Abril de 1961, contribuiu decisivamente para fazer abortar um golpe de Estado contra o Presidente Salazar e contra o Ultramar Português. Por outro lado, a partir do final do ano de 1973, deixou de crer nas possibilidades em decréscimo do Presidente Caetano, procurando a sua substituição. E, na actual conjuntura (post "25 de Abril"), vem exprimindo, com coerência e precisão, e sem inibições, as suas opiniões, convicções e críticas.
Como professor, conferencista e escritor: regeu a Cadeira de Estratégia do Curso de Altos Comandos, no Instituto de Altos Estudos Militares, e preparou e coordenou o 1º Ciclo de Estudos Estratégicos, no mesmo Instituto; proferiu diversas conferências públicas e reservadas; e escreveu doze livros e numerosos artigos principalmente sobre questões políticas, ultramarinas, militares, de engenharia e nucleares, além de numerosas conferências sobre os mesmos temas. Em especial, formulou uma teoria geo-estratégica a nível mundial e aprofundou o conhecimento das estratégias nuclear e da guerra subversiva. E, igualmente em especial, em Outubro de 1966, em conferência pública, previu a formação de uma Europa Unida, o termo do comunismo na URSS, o fim do respectivo império e o aparecimento da Rússia Ocidentalizada, e admitiu a constituição de um Ocidente Tripolar com os EUA, a Europa Unida e a nova Rússia.
Como dirigente e membro de organismos científicos, e como organizador e administrador civil, actuou sobretudo no domínio das questões energéticas. Assim, por um lado, reorganizou a Junta de Energia Nuclear e orientou a investigação nuclear, a prospecção e reconhecimento de jazigos de urânio e os estudos relativos a centrais nucleo-eléctricas, quer em contactos com instituições científicas portuguesas quer com numerosas instituições congéneres estrangeiras. E, por outro lado, definiu e propôs ao Governo uma política nacional de produção de petróleo, que executou na "Angol, SA".
Como organizador e administrador militar, e como estratega e táctico, criou as Tropas de Engenharia de Assalto e colaborou na renovação das Indústrias Militar e Civil de Munições. Construiu, em escala europeia, a Força Aérea e as Tropas Pára-quedistas, em Portugal, instalando-as na Metrópole e no Ultramar Portugueses, e implantando, neste Ultramar, uma dilatada infra-estrutura aérea, para fins militares e civis. Reestruturou a Região Militar de Moçambique e especialmente a sua logística, e remodelou o respectivo Teatro de Operações e a estratégia e as tácticas nele utilizadas. Naquele território, imprimiu grande impulso às forças militares compostas por naturais de Moçambique, principalmente através da formação de Tropas de Comandos e da criação de Grupos Especiais e de Grupos Especiais Pára-quedistas, grupos bem vocacionados para a contra-subversão. E deu grande expansão a um sistema eficaz de Auto-Defesa das populações.
Como Comandante-Chefe das Forças Armadas em Moçambique, o General Kaúlza de Arriaga conduziu, com muita firmeza, uma luta eficaz, mas eminentemente humana e de natureza altamente construtiva. Uma luta em que as operações militares se inspiravam no lema "convencer inteligências e conquistar corações" e cujo objectivo fundamental consistia: na manutenção da condição portuguesa de povos e territórios; na segurança e defesa desses povos e territórios atacados pelo imperialismo-comunista; na paridade e harmonia étnicas; na dignificação e na promoção das populações; e na produção de riqueza e sua justa distribuição.
Em 14 de Maio de 1974, foi passado compulsivamente à situação de reserva- "saneamento"-, não pelo MFA, que apenas desejava a sua nomeação para embaixador num país sul-americano, mas sim pela JSN, mais precisamente pelos Generais Spínola, Costa Gomes e Galvão de Melo, contra os Generais Jaime Silvério Marques e Manuel Diogo Neto, e na abstenção dos Almirantes Rosa Coutinho e Pinheiro de Azevedo.
Mais tarde, em 1984, e apesar da insistência do Chefe do Estado-Maior do Exército, General Salazar Braga, ignorou o diploma legal expressamente publicado para corrigir o erro e a ofensa dos "saneamentos", por considerar esse diploma ainda insuficiente em termos de dignidade e ética.
Detido em 28 de Setembro de 1974, nessa situação se manteve até 21 de Janeiro de 1976, à ordem de quem então dominava Portugal, nomeadamente, crê-se, o General Costa Gomes e o Coronel Vasco Gonçalves. Na prisão, houve-se com invulgar dignidade e testemunho de elevada coragem física e moral, recusando mesmo a liberdade condicional. Terminou por obter a liberdade plena, com recuperação de todos os direitos e deveres da cidadania portuguesa.
Em Março de 1977, instaurou uma acção judicial contra o Estado, exigindo explicações e reparações morais inerentes à iniquidade, arbitrariedade e prepotência de que fora objecto-a sua prisão. A acção processou-se durante dez anos,terminando com o Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, de 4 de Junho de 1987, que, confirmando a sentença do Tribunal da Auditoria Administrativa de Lisboa, lhe concedeu razão total, condenou o Estado Português e considerou que a prisão, e a sua duração, resultaram de ter sido dado como provado ter ele, General, "realmente capacidade, vontade e prestígio para liderar um movimento contra a descolonização de Angola e Moçambique". (Fonte: http://www.cidadevirtual.pt/k-arriaga/)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
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