30 outubro, 2017

SILVA, Theodoro José da - A ULTIMA NAU PORTUGUEZA. Reminiscencias. Por... Lisboa, Livraria Editora de Tavares Cardoso & Irmão, 1891. In-8.º (17cm) de 270, [2] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Memórias de Teodoro da Silva, desde cedo um entusiasta do mar, que tomou parte na jornada da Vasco da Gama - a última nau portuguesa - para o Rio de Janeiro, naquela que viria a ser a sua penúltima viagem (faria ainda uma última a Angola), sendo seu comandante o Capitão de mar e guerra Pedro Alexandrino da Cunha. O autor conta as  peripécias por que passou para tomar parte na expedição, e descreve as suas impressões e o relato do que presenciou ao longo da viagem. Fala sobre a Madeira, e o Rio de Janeiro, onde fez vida boémia.
No final do livro, consta a lista da oficialidade da nau «Vasco da Gama» na sua viagem ao Rio de Janeiro, e a lista dos navios de guerra portugueses em 1849, incluindo o n.º de peças que os equipavam.
Livro ilustrado com bonitas vinhetas tipográficas encimando o início de cada capítulo.
A Vasco da Gama foi uma nau de linha que serviu a Marinha Portuguesa, entre 1841 e 1876.
"A nau "Vasco da Gama", de 80 peças, foi lançada à carreira do Arsenal da Marinha em 24 de Junho de 1824 e ao mar em 2 de Setembro de 1841. Foi construída por Manuel Clemente de Barros e Joaquim Jesuíno da Costa. A figura de proa era um elegante busto do seu patrono Vasco da Gama. No Museu da Marinha ainda se conserva o modelo da carranca do navio.
As suas principais características eram: comprimento (quilha) - 61.48 m, boca - 14.70 m, pontal - 12.43 m, arqueação - 2261.72 metros cúbicos, tonelagem - 1829 toneladas; armamento - 74 peças; lotação em 1842 - 650 homens.
Foi depósito de marinhagem de 22 de Dezembro de 1845 até 5 de Outubro de 1846. Achou-se no bloqueio de Setúbal em Abril de 1847. A nau passou novamente a depósito de marinhagem, servindo ao mesmo tempo no registo da barra de Lisboa em Junho de 1847. Em Março de 1847 [1849?] largou para o Brasil em missão de cortesia e de protecção dos súbditos portugueses ali residentes. Em Outubro de 1858 largou para Luanda conduzindo a expedição militar para combater a revolta do indígena do Congo e o novo padrão para o Zaire. Em 29 de Julho de 1863, foi mandado estabelecer a bordo da nau "Vasco da Gama" uma escola de artilharia, a que se deu o nome de Escola Prática de Artilharia Naval. Em 1868 recebeu, sob prisão, os amotinados da expedição contra o Bonga.
Tendo sido julgada por inútil para o serviço da Armada, foi mandada vender por despacho de 16 de Agosto de 1873."
(fonte: https://arquivohistorico.marinha.pt/details?id=8495)
"Raiou, emfim, o dia 8 de março de 1849, dia em que a nau Vasco da Gama ía, por algum tempo, abandonar o seu ancoradouro no Tejo, e em que eu deixava tambem Lisboa, cuja barra só devia tornar a entrar no dia 31 de maio de 1865, a bordo do paquete inglez, Paraná.
O sol, dardejando seus raios dourados por sobre todas as imminencias que, n'uma e n'outra margem, dominam o crystalino Tejo, deixava-nos admirar as mil variadas paisagens que as tornam tão pittorescas, e dão ao nosso porto, a merecida fama de um dos mais formosos da Europa. [...]
A bordo da nau, tudo se dispunha para a partida.
A lancha foi collocada dentro do navio, a meia-nau; os escaleres foram todos accomodados, como para não servirem tão cedo, e a canôa branca do commandante balouçava-se já nos turcos da pôpa, encimando a varanda da primeira camara.
Desde muito cedo que, de terra, estava chegando um grande numero de botes conduzindo famillias que vinham d'ali despedir-se, ou dos officiaes ou de quasquer outros individuos d'entre as 700 praças que compunham a guarnição da nau."
(excerto do Cap. VII, A sahida da nau)
"No dia seguinte, pela manhã, como se devessem prolongar-se ainda os prazeres da véspera, o gageiro de prôa, quando menos o esperavamos, deu signal de uma vela no horizonte!
Como póde presumir-se em taes casos, toda a guarnição correu á tolda; e mesmo á vista desarmada, lobrigámos um navio que velejando em rumo opposto ao nosso parecia vir ao nosso encontro.
O coração transbordava-nos de alegria á medida que o navio de approximava, e que, no espaço infinito se iam desenhando todas as suas formas.
Era uma galéra!"
(excerto do Cap.XI, O encontro de uma vela...)
Índice:
Prefacio. I - A escola. II - Uma noite de aventuras. III - Quem abrolhos semeia. IV - Em casa do avô. V - Grande castigo de uma maldade ainda maior. VI - D. Maria II visita a nau Vasco da Gama na vespera da sua partida. VII - A sahida da Nau. VIII - A ilha da Madeira. IX - A nau Vasco da Gama passa á vista das ilhas Canarias. X - O anniversario da Rainha. XI - O encontro de uma véla e um funeral a bordo. XII - A passagem da Linha. XIII - Um castigo a bordo e um desastre mortal. XIV - A nau Vasco da Gama chega á vista da barra do Rio de Janeiro. XV - O desarvoramento. XVI - A manhã do dia 5 de maio. XVII - O socorro. XVIII - Entrada da Vasco da Gama no Rio de Janeiro. XIX - No Rio de Janeiro. XX - A febre amarella. XXI - Vida Nova. XXII - Typos. XXIII - Tres cegos. O actor João Caetano dos Santos. XXIV - Conclusão. Estado maior da nau portugueza Vasco da Gama na sua viagem ao Rio de Janeiro em 8 de março de 1849. Navios de guerra portuguezes em 1849.
Encadernação editorial cartonada com desenhos a negro nas pastas.
Exemplar em bom estado de conservação, com excepção da lombada que foi suprimida. Com manchas de oxidação nas páginas ao longo do livro.
Raro.
Com interesse para a literatura marítima e para a história luso-brasileira.
40€

29 outubro, 2017

COELHO, Adolfo – ESPIONAGEM : os segrêdos da Grande Guerra. [1.º Volume e 2.º Volume]. Lisboa, Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira & C.ª (Filhos), 1930-36. 2 vols in-8.º (19cm) de 252, [4] p. e 311, [1] p. ; il. ; B. Col. Os Grandes Documentários
Os meandros da espionagem na Grande Guerra. Episódios da 1.ª Guerra Mundial em 2 volumes (completo) - o vol. 1 é da 1.ª edição e o vol. 2 é da 2.ª edição.
Ambos os livros contêm fotogravuras impressas em folhas separadas do texto, algumas reproduzindo cenas chocantes da guerra.
Exemplares brochados em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos.
Obra invulgar.
Com interesse histórico.
20€

28 outubro, 2017

REPUBLICA PORTUGUEZA. Historia da Revolução fielmente descripta : 5 d'Outubro 1910 = Preço 40 réis = [S.l.], [s.n. - Typ. Eduardo Roza, Lisboa], [1910]. In-8.º (21,5 cm) de 16 p. ; B.
1.ª edição.
Interessante descrição da revolução republicana de 5 de Outubro de 1910. Relato genuíno dos acontecimentos que roça a ingenuidade.
Estes opúsculos, publicados poucos dias após a instauração da República, são muito raros e procurados.
Matérias:
Antecedentes da Revolução [inclui breve narrativa do golpe falhado de 28 de Janeiro de 1908 e do regicídio].
A Revolução. Primeiros momentos. Horas de angustia. A caminho da redempção!!! A de Outubro de 1910, uma e meia da madrugada.
Antes do triumpho. No quartel de marinheiros - Armando o povo - Sete municipaes que adherem. Fogo contra o palacio das Necessidades - O rei em automovel - Forças que ficam no caminho - As forças revolucionarias repellindo heroicamente as forças inimigas - A retirada d'estas - Os marinheiros embarcam - O plano - Ataque ás forças "fieis" no Rocio - Tiroteio - Do Tejo para terra - Convento incendiado - Esquadras assaltadas - Dois valentes - As forças republicanas engrossam - O "D. Carlos" em poder dos revoltosos - A orientação do movimento - Adhesões na provincia - Momento supremo - O movimento dos comboios foi suspenso.
Momentos decisivos. A victoria. As forças reublicanas destroçam os contingentes do exercito fieis ao regimen. A valente Marinha - Os revolucionarios apoderam-se do cruzador "D. Carlos" e ficam senhores do rio.
Fuga da Familia Real. A caminho do exilio.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequena falha de papel no canto inferior dto.
Raro.
Com interesse histórico.
Peça de colecção.
Indisponível

27 outubro, 2017

BRUNO, G. - CHIQUINHO. Ecyclopedia da infancia. Por... Traduzido para o portuguez por Victoria Colonna. Rio de Janeiro, B. L. Garnier : Livreiro-editor do Instituto Historico, [1873]. In-8.º (18,5 cm) de 320 p. ; E.
1.ª edição.
Interessante livrinho enciclopédico para uso da mocidade, elaborado em forma de diálogos. As referências a esta obra são muito escassas; a Biblioteca Nacional (de Lisboa) não possui nenhum exemplar.
"Sob o modesto titulo Francinet (Chiquinho) publicou-se ha poucos annos em França o mais interessante livro de leituras infantis que tem chegado ao nosso conhecimento.
Suppõe o auctor que um rico industrialista desejando educar e instruir seus netos (uma menina e um menino) pelo methodo inglez e americano, convidára um douto professor para dar particularmente aos ditos seus netos as noções as mais indispensaveis ao uso da vida. A esse limitadissimo auditorio juntou-se mais tarde um aprendiz, genuino typo da classe operaria.
Natural e insensivelmente discutem-se, em fórma de dialogos, as mais interessantes questões que interessam a sociedade moderna e sem o minimo pedantismo explica-lhes ingenuamente o illustrado professor as theorias das caixas economicas, dos monte-pios, dos seguros, do credito, do cambio, etc., etc., introduzindo nessas amenas practicas as biographias dos grandes bemfeitores da humanidade, taes como Turgot, Guttenberg, Stephenson, Fulton e outros.
As noções rudimentares de physica, bottanica, geologia, etc., são ministradas com encantadora simplicidade, e com uma clareza que os põe ao nivel das mais vulgares intelligencias.
A parte porém predominante nesta encyclopedia é a moral doutrinada com singeleza verdadeiramente seductora.
Tal é em substancia o livrinho que ora offerecemos á juventude brazileira."
(Prefácio)
Bonita encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Rubrica de posse datada na f. prefácio.
Raro e muito curioso.
Sem registo na BNP.
Indisponível

26 outubro, 2017

CAMPOS, Agostinho de - EDUCAR : na família, na escola e na vida. Lisboa, Aillaud , Bertrand : Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1918. In-8.º (19cm) de 355, [1] p. ; B.
Capa de Alfredo de Moraes.
1.ª edição.
Interessante estudo sobre a educação em Portugal durante a I República, publicado no último ano da guerra mundial.
"Portugal é ainda hoje um dos países onde o povo mais canta, e melhor canta, a trabalhar. Mas é talvez, em tôda a Europa, aquele em que menos se aproveita e se educa, com um pouco de sciência e de escola. E isto é ainda uma triste resultante de dois antigos vícios nacionais: a falsa idea de que a educação do povo possa conter-se nos mesquinhos limites da escrita e da leitura; a falta quási absoluta de solidariedade construtiva e útil, que caracteriza a nossa vida social.
Cantar é útil, porque é agradável e belo; porque desafoga o sentimento, suaviza o trabalho, distrai da tristeza. E se o povo gosta de cantar, como se compreende que a escola do povo não tenha ainda adoptado o canto como um dos seus mais eficazes meios de educar?"
(excerto do Cap. I, As crianças, O que lêem e cantam as crianças?)
Matérias:
I. - As crianças. II. - A instrução primária. III. - Educação feminina. IV. - Liceus. V. - Educação física. VI. - Educação fora da escola. VII. - Civismo. VIII. - A universidade e a nação.
Agostinho Celso Azevedo de Campos (1870-1944). “Escritor, jornalista, pedagogo e político português. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1892, exercendo advocacia por pouco tempo. Entre 1893 e 1894, ensinou língua e cultura portuguesas em Hamburgo (Alemanha), altura em que iniciou a sua colaboração jornalística nos jornais O Primeiro de Janeiro e Novidades. Em 1895, quando regressou a Portugal, continuou a publicar artigos sobre literatura, política, pedagogia e linguística em diversos órgãos de imprensa, como n'O Comércio do Porto, no Diário de Notícias e n'O Diário Ilustrado, órgão oficioso do Partido Regenerador Liberal, nos Cadernos de Pedagogia, no Boletim do Instituto de Orientação Profissional, entre outros e também em jornais e revistas estrangeiras. A par com a carreira de jornalista, exerceu simultaneamente o cargo de professor de Alemão no Liceu Central de Lisboa, na Casa Pia, no Liceu Pedro Nunes, no Instituto Superior do Comércio e nas Faculdades de Letras das Universidades de Coimbra (1933-1938) e de Lisboa (1938-1941), jubilando-se nesta última, em 1940. Entre 1906 e 1910, Agostinho de Campos foi diretor-geral da Instrução Pública.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa com picos de acidez.
Invulgar.
10€

25 outubro, 2017

HOMENAGEM AOS SOLDADOS DESCONHECIDOS : IX-IV-CMXVIII - IX-IV-CMXXI. - Ministério da Guerra. O produto da venda deste folheto é destinado ao monumento aos mortos da Grande Guerra. [Desenho de Sousa Lopes. Poesias de Júlio Dantas, Jaime Cortesão e Augusto Casimiro]. [Lisboa], Ministério da Guerra [Comp. e imp. nas oficinas da Direcção dos Serviços Graficos do Excercito], [1921]. In-fólio (25,5x32,5cm) de 6 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada em página inteira com uma belíssima cromolitografia de Adriano Sousa Lopes (dim. 25,5×32cm) representando uma cena bélica, com um soldado português em 1.º plano.
Contém três poesias emolduradas por desenhos de guerra a p.b.

"Se alguem julga que o enterra,
Esse é que leva a mortalha;
Quem morreu em bôa guerra
Fica sempre na Batalha.

Nunca de Deus foi ouvido
Quem se não dá, quem não ama;
E por mais que ande na fama,
Esse é que é desconhecido.
A morte não tem sentido
P'ra quem se deu todo à Terra;
É desses mortos da guerra
Que nasce a esperança da vida
Bem traz a mente iludida
Se alguem julga que o enterra."

(excerto do poema de Jaime Cortesão, Para os soldados cantarem ao Irmão Desconhecido)

Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos.
Muito raro.
Peça de colecção.
75€

24 outubro, 2017

AS CEREMONIAS // QUE SE HAM DE OBSERVAR // no tomar do Habito // DAS NOVIÇAS // DO REAL MOSTEIRO DAS RELI- // giosas Capuchinhas do Santo Crucifixo, saõ as // seguintes. [S.l.], [s.n.], [s.d.]. In-8.º (19cm) de 44 p.
Inclui ainda: “DAS CEREMONIAS QUE SE HAM DE OBSERVAR nas Profissoens DAS NOVIÇAS” (27-44 p.).
1.ª edição.
Ilustrado com duas capitulares xilográficas e uma vinheta final.
Opúsculo muito curioso, originalmente impresso sem frontispício. Trata-se de uma espécie de manual de noviciado monástico feminino, sem referências relativas ao local de impressão, editor ou data. A composição lexical e os caracteres tipográficos utilizados sugerem tratar-se de uma obra seiscentista.
“Depois de ter feito a Noviça sua confissão geral, & ser julgada que tem as partes requisitas para a Religiaõ: a hora destinada para esta ceremonia, há de ser pela manhaã, naõ havendo razaõ forçosa para a fazer depois de jantar. A Sachristãa terá cuidado de pór hũa mesa cuberta com hũa toalha branca lavada jũto á grade, sobre a qual porá o habito da Noviça, hũa caldeirinha com hyssope, & hum Crucifixo para dar á Noviça no tempo abaxo declarado.”
(excerto da 1.ª parte da obra)
Exemplar desencadernado em bom estado de conservação. Apresenta pequenos orifícios de insecto, junto das margens, nas primeiras páginas (não afecta a mancha tipográfica).
Carimbo de posse da “Livraria Particular” de Júlio Dantas na f. rosto e noutras páginas ao longo do livro.
Raro.
Sem indicação de registo na Biblioteca Nacional (BNP).
35€
Reservado

23 outubro, 2017

A INTERVENÇÃO OU DOCUMENTOS HISTORICOS Relativos á interferencia armada de França, Hespanha, e Inglaterra nos negocios internos de Portugal em 1847. Lisboa, Typographia de Borges, 1848. In-8.º (21 cm) de [4], 162 p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de documentação relevante sobre a Patuleia, guerra civil portuguesa entre Cartistas e Setembristas, que teve a duração de aproximadamente oito meses, conhecendo o seu epílogo em 30 de Junho de 1847, com a Convenção de Gramido. Esta guerra deu sequência à Revolução da Maria da Fonte (Maio de 1846) e ao golpe palaciano conhecido por Emboscada, ocorrido alguns meses depois, a 6 de Outubro de 1846. O desfecho da Patuleia só foi possível após a intervenção estrangeira protagonizada pelos países que constituíam a Quádrupla Aliança que desequilibraram os pratos da balança em favor dos Cartistas, partidários de D. Maria II. O compilador deste livrinho terá sido o editor, Joaquim Ribeiro de Faria Guimarães, conhecido empresário do Porto, e proprietário de uma tipografia.
"O Editor da Intervenção vendo um opusculo, que o Ex.ᵐᵒ Sr. Conde das Antas publicou, com  o titulo - Correspondencia entre o Conde das Antas e os Ministros Plenipotenciarios e outros Agentes das Potencias signatarias do Protocolo de 31 de Maio de 1847, acompanhado de varios actos officiaes da Junta Provisoria do Governo Supremo do Reino no Porto, e outros documentos, - o qual distribuiu pelos seus amigos; sollicitou, e obteve, de S. Ex.ª a permissão de transcrever a dita Correspondencia n'esta obra, que d'esta maneira se torna interessantissima, e digna de ser lida por todos os Portuguezes que devidamente apreciarem a liberdade da sua patria; não só por se convencerem da veracidade de certos factos, que, sendo adulterados, poderiam prejudicar a honra dos primeiros homens, que se puzeram á testa do pronunciamento popular; mas ainda para ficarem com perfeito conhecimento d'alguns acontecimentos bastante notaveis que se não deram ainda a publico."
(Introdução do Editor, Ao Publico)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Lombada reforçada.
Raro.
Com interesse histórico.
35€

22 outubro, 2017

BASTOS, Leite - SAPATOS DE DEFUNCTO. A Comedia Burgueza. Por... Com uma introducção por Gervasio Lobato. Illustrações: Dezenhos de Manuel de Macedo. Gravuras de Alberto. Lisboa, Empreza do Occidente, MDCCCLXXXII [1882]. In-8.º (17 cm) de 200 p. ; il. ; E. Bibliotheca Portugueza do «Occidente».
1.ª edição.
Ilustrada com belíssimos desenhos de mestre Manuel de Macedo.
"O interessante romance que vae lêr-se, ilustrado brilhantemente por Manuel de Macedo, é o primeiro de uma serie d'estudos do natural, que Leite Bastos prepara, sob o titulo generico de Comedia Burgueza. [...]
Estas linhas, escriptas a correr para as primeiras paginas de Sapatos de Defuncto, tem apenas por fim annunciar ao publico o apparecimento de uma obra notavel, que ha de fazer sensação em Lisboa."
(Excerto da introdução)
Francisco Leite Bastos (1841-1886). "Jornalista, autor de contos e romances policiais, dramas e comédias, nascido a 17 de setembro de 1841, em Lisboa, e falecido a 5 de dezembro de 1886, na mesma cidade. Gozou, no seu tempo, de um relativo êxito popular. Colaborou no Diário de Notícias e em vários jornais literários. Deu sequência ao Rocambole, de Ponson du Terrail, em Maravilhas do Homem Pardo. Toda a sua obra jornalística e literária se pauta pela crítica de costumes."
(Fonte: infopédia)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas cansadas. Apresenta oríficios de insecto nas pastas com pouco impacto visual, e sem afectar o miolo.
Raro.
Indisponível

21 outubro, 2017

SANTOS, José Ferreira dos - NAVIOS DA ARMADA PORTUGUESA NA GRANDE GUERRA. [Lisboa], Academia de Marinha, 2008. Oblongo (16,5x24cm) de 259, [1] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Tiragem: 500 exemplares.
Obra que compreende a descrição de 76 navios que serviram a Marinha de Guerra Portuguesa durante a Grande Guerra.
Ilustrada com fotogravuras das embarcações, acompanhadas da respectiva ficha técnica e informações relevantes acerca do seu desempenho durante o conflito.
"A presente obra, Navios da Armada Portuguesa na Grande Guerra, é um trabalho que pretende mostrar, a um público novo e quase totalmente desconhecedor da nossa história naval mais recente, o esforço que a recém implantada República teve de fazer, para se manter, entre as potências europeias com interesses coloniais, sem perder a dignidade herdada do seu passado de grande nação marítima.
Mal equipado de uma marinha de guerra digna desse nome, o enorme esforço que o País exigiu aos seus navios de comércio e de pesca, improvisadamente militarizados, está bem patente nestas páginas, donde ressalta, para exemplo, a gesta heróica do AUGUSTO DE CASTILHO e da sua tripulação."
(excerto do prefácio de Luís Fraser Monteiro)
José E. Ferreira dos Santos é um capitão da marinha mercante que andou embarcado em diversos navios, durante cerca de trinta anos. É membro da Academia de Marinha, investigador histórico-naval, coleccionador de fotografias de navios, autor de três dezenas de artigos publicados na Revista de Marinha e na Revista da Armada e de várias palestras sobre assuntos marítimos e navais, e que, a partir de 1999, se tem dedicado a organizar exposições de fotografias de navios, as quais se contam por duas dezenas e meia, abrangendo 2442 fotos da sua colecção.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
15€

20 outubro, 2017

SILVA, António Sousa e - NOTAS ETNOGRÁFICAS (folclore). Subsídio para o estudo da influência da música na vida rural. [Por]... Da Sociedade de Geografia. [S.l.], [s.n. - Ofic. Gráf. Augusto Costa, Braga], 1948. In-8.º (20,5 cm) de 42, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Pouco conhecido estudo sobre a música popular portuguesa, muito interessante e enriquecedor, por certo, integrando uma edição em tiragem diminuta.
Ilustrado com bonitas vinhetas tipográficas a assinalar o final da cada capítulo.
"A música regional tem uma liberdade mais ampla de processo do que a música culta, porque actua directamente e livre de restrições metódicas, sobre os nossos centros nervosos.
Num consórcio adorável com a poesia e a dança, não só amplia extraordinariamente as emoções, como exterioriza dentro de múltiplas formas, a sua qualidade específica, determinada pela influência dos fenómenos naturais das respectivas regiões.
O gosto por esta espécie de música, em Portugal, vem de longa data, assim no-lo atesta o passado por diversas provas, entre as quais são bem salientes as que se referem aos nossos troveiros que, de terra em terra, percorriam os palácios reais e da nobreza, cantando e declamando as suas típicas canções de amigo, de mal-dizer, de amor e outras trovas da época.
Hoje, como outrora, continuamos a sentir desde a infância, a suave e benéfica acção da música, sempre que qualquer facto memorável ocorre na nossa vida. E o povo, traduzindo, como sempre, através dela o seu contentamento, continua a cantar e a bailar, mantendo com a sua alegria buliçosa a tradicional animação multicor das lindas e garridas romaria de Portugal.
A música rural, que é uma modalidade sonora da bondade rústica, segreda-nos ao coração, ensinando com ternura infinita as mais delicadas e mimosas expressões do sentimento humano, desde a alegria que inebria e vivifica ao sofrimento que deprime e mata."
(excerto do Cap. II, Música regional (Canção popular))
Matérias:
I - Elogio da música (Ensaio de abertura). II - Música regional (Canção popular). III - Folclore: Província do Minho; No Gerez e Vieira; Em Vila Verde, Terras de Bouro e Braga; Em Amares; Na Senhora da Peneda; Póvoa de Lanhoso; Em Afife e Carreço; Em Viana, Barcelos e Ribeira de Lima; Cantigas do «Verdegar» da Póvoa de Lanhoso; Na Região de Basto. Cantares de Trás-os-Montes e Alto Douro: Mirandela e Valpaços. Douro Litoral: Marco de Canavezes. Na Beira. Na Estremadura. IV - Estrutura e estética (Tendências poéticas e melódicas).
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

19 outubro, 2017

PORTUGAL NA GRANDE GUERRA : «guerristas e antiguerristas». Estudos e Documentos. Apresentação de João Medina. Lisboa, Centro de História da Universidade de Lisboa : Instituto Nacional de Investigação Científica, 1986. In-4.º (24cm) de 139, [1] p. ; [2] f. il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada com a reprodução do Panfleto contra a guerra e fac-simile da Carta inédita de Alexandre Vieira.
"Embora seja vastíssimo o acervo documental e memoralístico acerca da nossa intervenção na Grande Guerra, a verdade é que continua sendo escassa a produção propriamente historiográfica em torno desse complexo e tão decisivo período e processo político-militar da História da I República. São de facto raras, e bastante recentes, as obras que procuram situar a problemática do intervencionismo luso na Grande Guerra, o seu impacto directo sobre o regime entre nós então vingente, a questão africana conexa com a entrada de Portugal no conflito, etc."
(excerto da apresentação)
Matérias:
Apresentação de João Medina. I Parte - Estudos: - José António Sequeira Gonçalves, «O Coronel João Ortigão Peres, Adido Militar português em França».
- Luís Alves de Fraga, «Espionagem no Corpo Expedicionário Português».
- Maria Manuela Lima Santos e Olga Maria Vasco Ribeiro, «A AURORA e o antiguerrismo». II Parte - Documentos: - António Ventura, «Guerristas e antiguerristas - análise retrospectiva de um conflito». - Aniceto Afonso, «O MUTILADO ou uma voz incómoda». - Francisco Canais Rocha, «A guerra vista por um sindicalista: Perfeito de Carvalho».
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

18 outubro, 2017

NORONHA, Dom Thomas de - TALES OF INDIA. By... Madras: Higginbotham & Co., 1910. In-8.º (18,5cm) de [6], 142, [2] p. ; B.
1.ª edição inglesa.
Publicado originalmente em português (1905), a presente obra é composta por quatro contos sobre a Índia portuguesa, tendo conhecido grande sucesso na época, culminando com a presente tradução para inglês.
D. Tomás de Noronha (1870-1934). "Bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, professor e escritor, etc. Fez o Curso Superior de Letras, de que foi aluno distinto. Em 1901 partiu para a Índia a ocupar o seu lugar de professor de alemão no liceu de Nova Goa. O sr. D. Tomás de Noronha tem colaborado em vários jornais, e nas Novidades de 25 de julho de 1906 publicou: Dois perfis (D. Maria Amália Vaz de Carvalho e Teófilo Braga). Em Coimbra é o seu nome muito conhecido, tendo ganho ali as gerais simpatias desde o seu tempo de estudante laureado. Foi ele o autor da peça de despedida do seu ano, A Barca dos RR, e nessa época publicou o Umbrano (Lisboa, 1899) elegia, em tercetos quinhentistas, e mais tarde outro livro de versos: Tempos perdidos. Quando esteve na Índia publicou (em 1905) um livro, com o título de Contos da Índia, que mereceu lisonjeiros artigos de toda a imprensa. O livro encerra quatro contos: O meu guia, O bacharel Crisóstomo, Milagres de S. Francisco e Rucuminó. Em 1906 publicou a sua Carta aos portugueses da Índia, sobre a «Assistência Escolar»."

(fonte: http://www.arqnet.pt/dicionario/noronhatomas2.html)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Lombada apresenta pequenas falhas de papel.
Raro.
30€

17 outubro, 2017

CASALS, Irene Maria Ricou - UM JOVEM HERÓI D'ÁFRICA : Eduardo Nuno Ricou Casals. Prefácio do Rev. P.e Nuno Archer, S. J. Porto, [s.n. - Tip. Colégio dos Orfãos], 1964. In-8.º (16,5 cm) de [2], 55, [1] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Resenha biográfica em comovedora homenagem a Eduardo Casals, piloto-aviador português, abatido em Maio de 1963 nos céus da Guiné durante uma missão de bombardeamento. A autora - Irene Casals - é sua mãe. O final do livro é preenchido com testemunhos de camaradas de armas do malogrado piloto atestando a sua amizade e patriotismo.
Opúsculo ilustrado com dois retratos do biografado, um deles em extratexto.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas ligeiramente oxidadas.
Raro.
Indisponível

16 outubro, 2017

CASIMIRO, Capitão Augusto - CALVÁRIOS DA FLANDRES (1918). Terceiro milhar. Porto, Renascença Portuguesa : Rio de Janeiro, Luso-Brasiliana, 1920. In-8.º (19,5cm) de [2], 213, [3] p. ; E.
Capa de Sousa Lopes.
1.ª edição.
"Efectivara-se, emfim, apesar de todos os esforços do nosso comando para o evitar, a Convenção de 21 de Janeiro de 1918. Estávamos a 6 de Abril.
A 1.ª Divisão, menos uma Brigada, (a 3.ª, como a 3 fôra combinado com o 1.º exército), começa a retirada para a região de Desvres. As tropas estão cansadas, diminuidas em número pelas baixas de Março e pelo envio nulo de reforços desde Dezembro, em moral pela falta de licenças, ausências de oficiais e o desinterêsse evidente dos que governam em Portugal.
O excesso de trabalho, as ordens e contra ordens dadas sôbre a rendição de tropas, as solenes promessas dum repouso largamente anunciado, nunca realisadas, juntam àquelas suas fôrças desintegradoras e desvairantes."
(excerto do Cap. I, 9 de Abril)
Matérias:
- Portugal e Flandres. - 9 de Abril. - Good Luck! Good Bye! - Calvarios da Flandres I. - Aviões ao luar. - Calvários da Flandres II. - Searas da Morte. - Prisioneiros. - Enfermeiras da Grande Guerra. - Oração Lusíada. - Da Aleluia e da Paz. - O rapto das Donzelas. - O imperativo dos mortos. - Depois do armistício. - A oração da trincheira. - Da Vitória.
Augusto Casimiro dos Santos (1889-1967). “Escritor e militar português. Após a conclusão dos estudos liceais em Coimbra, em 1906, integrou a Escola do Exército. Como oficial, participou na Campanha da Flandres (1917-18) durante a Primeira Guerra Mundial, o que lhe valeu várias condecorações e a promoção a capitão. Exerceu também o cargo de governador do Congo português, de secretário do Governo-Geral de Angola, em 1914, e acompanhou a missão de delimitação da fronteira luso-belga em África. Por se opor ao regime nacionalista, esteve preso na Ilha de Santo Antão, em Cabo Verde, na década de 30, regressando a Lisboa, em 1936, graças a uma amnistia. Um ano depois, foi de novo reintegrado no Exército português, mas como reserva.
A experiência militar marcou a sua escrita, especialmente em Nas Trincheiras da Flandres (1919) e Calvários da Flandres (1920). Como autor de poesia, ficção e textos de intervenção, em que manifestava a sua filiação no ideário republicano, o escritor publicou ainda, entre outros livros, Para a Vida (1906), A Evocação da Vida (1912), Primavera de Deus (1915), A Educação Popular e a Poesia (1922), Nova Largada (1929) e Cartilha Colonial (1936), obra na qual manifestou o seu desejo patriótico de afirmação de Portugal no mundo. De referir que Augusto Casimiro foi colaborador da revista Águia e cofundador (1921), dirigente e redator (1961 a 1967) da revista Seara Nova, principal órgão de comunicação que se oponha democraticamente ao regime de Salazar e ao Estado Novo.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
15€

15 outubro, 2017

PIMENTEL, Alberto - TÉLAS ANTIGAS. Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira : Livraria editora e Officinas Typographica e de Encadernação, 1906. In-8.º (20,5cm) de 220, [4] p. ; [2] f. il. ; E.
1.ª edição.
Interessante conjunto de narrativas históricas.
Ilustrado com duas gravuras extratexto.
"Quatorze kilometros a nordeste de Braga, ergue-se sobre um morro escalvado, dominando um valle fertilissimo como todos os do Minho, o castello de Lanhoso, cujas ruinas memoram ainda hoje graves acontecimentos de secilos remotos. [...]
Em certa noite caliginosa do seculo XIII os povos do valle de Lanhoso accordaram ao clamor de uma voz que afflictivamente bradava:
- Santa Maria val! que anda fogo no castello!
O alviçareiro d'esta ruim nova era um azemel que ia partir com de noite para chegar a Braga ante-manhã.
Logo todos os habitantes da pobla, como sacudidos por uma corrente electrica, vestindo á pressa os grosseiros arbins e saios de burel, assomaram á porta de suas miseras sibanas cangadas de côlmo ou giesta e com espanto verificaram que do castello de Lanhoso sahiam grossos rôlos de fumo negro, que as labaredas conseguiam romper a espaços ensanguentando o ar.
A primeira impressão foi de terror, especie de terror sagrado, como se estivesse ardendo um templo, porque para todos os povos circumvisinhos aquelle castello era um monumento venerando, onde tragicos e pavorosos successos se haviam passado lá.
Corria a tradição de que, mais de oitenta annos antes, a rainha D. Tareja ali tinha residido e estivera sitiada por sua irmã D. Urraca de Leão e que depois da batalha de Guimarães ali jazera encerrada entre ferros por ordem de seu proprio filho por D. Affonso Henriques.
O povo, olhando para o alto, e vendo o castello, cuidava olhar ainda para um solio infeliz, onde lagrimas augustas haviam deslisado sobre a purpura real; e o respeito pela realeza era tamanho, que até nas suas desgraças ou excessos os villões a veneravam com supersticioso temor."
(excerto de Uma vingança medieval)
Índice:
- Duas favoritas. [D. Sancho I e a "Ribeirinha" e D. Maria Arias]. - Uma vingança medieval. - Um rei leproso. [D. Afonso II]. - Mordedura de vêspa. [D. Sancha Paes e Martim de Freitas]. - A lenda do pintor. [Vasco Fernandes (Grão Vasco)]. - Morte de el-Rei D. Duarte. - Uma traducção. - Poemas d'outrora: I. Romaria de S. Simão. II. Lenda de S. Frei Gil. III. Rei e pastor. IV. Amores de Braga. - Notas.
Encadernação em meia de percalina com cantos e ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

14 outubro, 2017

SOUSA, Ernesto de - O QUE É O CINEMA. Lisboa, Arcádia, [1960]. In-8.º (18cm) de 228, [4] p. ; [8] p. il. ; il. ; B. Colecção Arcádia, Série Arte, 5
1.ª edição.
Obra curiosa sobre cinema, das primeiras e mais interessantes edições populares que sobre este assunto se publicaram entre nós.
Ilustrada com desenhos no texto, e em separado com fotogravuras a p.b. distribuídas por 8 páginas intercaladas no texto.
"A cultura cinematográfica é um facto recente em Portugal. Com efeito, a preocupação por um cinema encarado como forma de arte e meio de expressão, só nos últimos anos atingiu o grande público. Até então apenas se verificara o interesse isolado de alguns intelectuais. Quando há cerca de dez anos começaram a aparecer os cine-clubes por todo o país, este movimento correspondeu a uma necessidade generalizada, a uma vontade de conhecimento e cultura. Esta evolução do gosto e da consciência pública terá o seu reflexo num cinema português novo. É neste sentido que a Arcádia, ao editar «O QUE É O CINEMA», de Ernesto de Sousa, preenche uma lacuna no panorama editorial cinematográfico, apresentando uma obra de divulgação que se caracteriza por solicitar do leitor interesse activo pela matéria tratada.
De acordo com este princípio, «O QUE É O CINEMA» contém não só a exposição dos aspectos mais importantes do cinema, quer do ponto de vista técnico, quer estético e histórico, mas também uma informação bastante detalhada sobre os métodos de cultura para e pelo cinema. O leitor entrará em contacto com os problemas suscitados pela invenção do cinema nas suas implicações culturais e sociológicas, e ser-lhe-ão fornecidos os elementos para que se interesse activamente pela cultura cinematográfica e pela produção de filmes experimentais."
(Contracapa, Apresentação)
Ernesto de Sousa (1921-1988). "No início dos anos 40 estuda na Faculdade de Ciências, sem terminar o curso de físicoquímicas. Em 1946 inicia a actividade como crítico de arte na Seara Nova, e nos anos seguintes escreve também para a Vértice e Colóquio/Artes, entre outras publicações. No mesmo ano funda o Círculo de Cinema, primeiro cineclube português. Entre 1949-52 dá continuidade aos estudos em Paris: História do Cinema, Filmologia, técnica de som e aulas de iniciação às artes plásticas. Nesta primeira fase encontra-se principalmente comprometido com o Neo-realismo através da actividade crítica e cinematográfica, sendo importante destacar o filme Dom Roberto realizado em 1962. Os anos 70 são marcados por um novo interesse, a promoção das vanguardas em defesa do experimentalismo e o conceptualismo. Contacta com o movimento Fluxus, cruza-se em 1972 com Joseph Beuys na Documenta 5, e desenvolve uma forte amizade com Robert Filliou e Wolf Vostell, tornando-se uma figura frequente nos Encontros em Malpartida de Cáceres. Estas relações terão impacto no momento pós-25 de Abril quando comissaria a exposição Alternativa Zero (1977). Artista, cineasta, curador, crítico, professor e historiador de arte, Ernesto Sousa foi principalmente um agente catalisador no campo das artes plásticas, cinema e fotografia, promovendo a troca de informação entre o contexto português e internacional."
(fonte: http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/pt/artistas/ver/133/artists)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. rosto.
Raro.
Sem registo na BNP.
20€

13 outubro, 2017

GALLIS, Alfredo - A BURLA DO CONSTITUCIONALISMO : autopsia á politica portugueza no actual momento historico. A pantomima, os pantomineiros e as pantominices do nosso mundo politico. Lisboa, Livraria Antonio Maria Pereira - Livraria editora, 1905. In-8.º (19cm) de 237, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Análise política da época em tom corrosivo. O autor, jornalista de fino humor, porventura terá ficado mais conhecido pelos romances de matriz erótica que publicou no final do século XIX, início do século XX.
"A obra do jornalista é ephemera embora civilisadora, e quem tiver assumptos de certa magnitude a tratar, e queira que elles perdurem na memoria dos povos, deve escolher de preferencia o livro ao jornal.
Eis o motivo porque em livro concretisei aquillo que muito facilmente poderis dizer em artigos jornalisticos... [....]
Desde que o jornal envaredou pelo campo da bisbilhotice do soalheiro, quer esse soalheiro seja um gabinete de ministro quer a humilde casa de um operario, a sua missão educativa e civilisadora ficou muito áquem do pensamento fundamental da creação da imprensa. [...]
Escreve-se sem sciencia nem consciencia, n'uma nojenta disciplina brutal que causa asco.
O jornalista politico em vez de orientar o seu partido e corrigir-lhe as demasias, applaude tudo e todos n'uma alacridade de palerma escravisado que indigna e revolta. [...]
Presentemente mesmo, ha pouquissimos jornalistas.
Em compensação abundam os industriaes da imprensa e os carpinteiros da mesma, que morrem sem ninguem os conhecer nem deixarem cousa que se veja, como succedeu a tantos que conheci nos começos da minha vida de jornalista.
A experiencia, unica e exclusivamente, me percaveu contra o destino fatal de todos os jornaes, aconselhando-me a que preferisse antes o livro que fica e se guarda, ao jornal que se lê e se atira para o lado ás vezes com um modo quasi despresivo.
N'este livro pois, deixo bem inpressas todas as considerações e criticas acerbas e desapiedadas, libertas de pressões partidarias, que me inspira o estado canceroso e putrido da politica portugueza n'este momento historico da nossa vida mundial como nação autonoma.."
(excerto da introdução, Aos leitores)
Matérias:
Aos leitores. Duas palavras ácerca da vida. I - A Carta Constitucional. II - Os influentes politicos. III - Dynastias reinantes em Portugal no actual momento historico. IV - O juizo de instrucção criminal - a lei de 13 de Fevereiro, e o juiz Veiga. V - O jornalismo politico, o jornalismo industrial, o jornalismo amalandrado. VI - Politica de partidos e politica de portuguezes. VII - O que faz a Hespanha. VIII - Camaras municipaes e administradores do concelho. IX - A vida dos governos. X - O espetro do absolutismo. XI - Os processos da politica e a Ex.ma Sr.ª D. Maria Emilia Seabra de Castro. XII - O parasitismo. XIII - Alguns alvitres simples.
Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). "Mais conhecido por Alfredo Gallis, foi um jornalista e romancista muito afamado nos anos finais do século XIX, que exerceu o cargo de escrivão da Corporação dos Pilotos da Barra e o de administrador do concelho do Barreiro (1901-1905). Usou múltiplos pseudónimos, entre os quais Anthony, Rabelais, Condessa do Til e Katisako Aragwisa. Desde muito jovem redigiu artigos e folhetins em jornais e revistas, entre os quais a Universal, a Illustração Portugueza, o Jornal do Comércio, a Ecos da Avenida e o Diário Popular (onde usou o pseudónimo Anthony). Como romancista conquistou grande popularidade, especializando-se em textos impregnados de sensualismo exaltado que viviam das «fraquezas e aberrações de que eram possuídas, eram desenvolvidas entre costumes libertinos e explorando o escândalo». Escreveu cerca de três dezenas de romances, por vezes publicados com o pseudónimo Rabelais. Alguns dos seus romances têm títulos sugestivos da sensualidade que exploram, nomeadamente Mulheres perdidas, Sáficas, Mulheres honestas, A amante de Jesus, O marido virgem, As mártires da virgindade, Devassidão de Pompeia e O abortador. É autor dos dois volumes da História de Portugal, apensos à História, de Pinheiro Chagas, referentes ao reinado do rei D. Carlos I de Portugal.”
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas manchadas.
Invulgar e muito interessante.
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12 outubro, 2017

SELVAGEM, Carlos – TROPA D’ÁFRICA (jornal de campanha dum voluntário do Niassa). 4.ª edição. Paris : Lisboa, Livrarias Aillaud e Bertrand, 1925. In-8.º (18,5 cm) de 367, [1] p. ; [12] f. il. ; il. ; E.
Memórias do autor, soldado em África durante a Grande Guerra.
Livro ilustrado com desenhos no texto e fotogravuras em separado.
"Aos sargentos e soldados do meu pelotão a cavalo;
Aos meus camaradas da Expedição ao Niassa;
Aos soldados portugueses da Grande Guerra;
Á memória de todos aqueles que, pela glória das quinas Portuguesas, teem mordido o pó em terras d’Além-mar."
(Homenagem do autor)
"Dia de embarque!...
Dia de lágrimas, dia de balbúrdia, de mil impressões tumultuosas e contrárias, com pragas furiosas sôbre os galegos, mil contas que surgem à última hora, uma compra que ia esquecendo, um abraço que esqueceu, e, por fim, um automóvel que nos despeja no cais, com o resto da bagagem, a cabeça esvaída, o boné para a nuca, arrazado de emoções."
(Excerto do texto)
Carlos Selvagem (1890-1973). Pseudónimo de Carlos Tavares de Andrade Afonso dos Santos. "Foi um militar, jornalista, escritor, autor dramático e historiador. Frequentou o Colégio Militar entre 1901 e 1907 onde lhe deram a alcunha (Selvagem) que mais tarde veio a incorporar no pseudónimo literário que adoptou. Formou-se em Cavalaria pela Escola do Exército e participou no Niassa e no norte de Moçambique na frente africana da Primeira Guerra Mundial."
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro nas pastas e na lombada. Assinatura de posse na guarda e na f. rosto.
Exemplar em bom estado geral de conservação.
Invulgar e muito apreciado.
Com interesse histórico.
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11 outubro, 2017

LAFOREST, Dubut de - O PARAISO TERRESTRE. Grande romance dramatico inedito. Traduzido por Joaquim Leitão. Lisboa, «A Editora», [1904]. In-8.º (22,5 cm) de 158, [2] p. ; il. ; B. Col. Os Ultimos Escandalos de Paris - VI
1.ª edição.
Romance erótico publicado na primeira década do século XX. Ilustrado com bonitos desenhos nas páginas de texto.
"N'esse domingo, Ambrosio Naumier sahiu da rua do Circo e dirigiu-se á gare de S. Lazare, onde tomou um bilhete de ida e volta para Versailles.
Estava um lindo dia, e o vagão de 1.ª classe, para onde subiu o caixa da batota, ia cheio de passageiros que seguiam para o campo.
A um canto, em frente do «Cebolla», um sujeito lia o jornal, e o irmão da «Az-de-Espadas» fez uma careta, reconhecendo o visconde Arthur de La Plaçade.
O trem punha-se em marcha e Ambrosio que já não podia mudar de vagão, entreteve-se a examinar o companheiro, embrenhado na leitura.
N'isto, La Plaçade levantou os olhos e sorriu, a mão estendida ao ex-creado d'Esbly..."
(Excerto do Cap. I, O Filho do Proxeneta)
Índice:
I -.O Filho do Proxeneta. II - No Forno Crematorio de Père-Lachaise. III - A idèa de Anninhas Loiset. IV - Os viajante do amor. V - Americano e turco. VI - O «Bar-Florido». VII - Ambrosio «nas chinelas do marquez».
Jean-Louis Dubut de Laforest (1853-1902). Escritor francês. Autor prolífico, publicou vários romances sobre assuntos considerados ousados na época, alguns deles como folhetins em jornais.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e algumas falhas de papel nas margens.
Raro.
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10 outubro, 2017

LUDENDORFF, General – A GUERRA TOTAL. Tradução de Oliveira Abrantes. Com um prefácio de Eduardo Salgueiro. Rio de Janeiro, Editorial Inquérito, 1941. In-8.º (19cm) de 261, [3] p. ; B.
1.ª edição.
“Longe de mim a ideia de escrever uma teoria da guerra. Eu sou, como o tenho dito tantas vezes, hostil a todas as teorias. A guerra é realidade – realidade das mais graves na vida dum povo. É isto o que desejo aqui demonstrar, sem para isso “levar mochos a Atenas”, quero dizer, sem procurar insistir em generalidades comumente adquiridas; pelo contrário, dirigir-me-ei ao povo, a cada um de entre o povo, e tratarei em pormenor diferentes matérias que necessariamente lhe escapam. O povo deve aprender a conhecer a própria essência da sua luta pela vida. Não serão indigestas obras científicas sobre a guerra que o esclarecerão, mas sim exposições tão acessíveis como breves. O que vou expor é a mais autêntica experiência pessoal da guerra, e não um comentário oficial, como se poderá supor no estrangeiro.”
(excerto do Cap. I, Carácter da Guerra Total)
Erich Ludendorff (1865-1937). “Foi um general alemão, com poderes praticamente ditatoriais nos últimos meses da Primeira Guerra Mundial. Na frente leste, foi chefe do Estado-Maior de Hindenburg. Depois da derrota na ofensiva de Verdun, foi deslocado para a frente ocidental e tornou-se, juntamente com Hindenburg, o principal comandante da Oberste Heeresleitung. Mais tarde, em 1918, planeou o último grande ataque alemão, mas foi derrotado por Foch. No final da guerra, até Setembro de 1918, defendeu a tese de que a Alemanha devia negociar uma paz vitoriosa e não aceitar a rendição. Em 1925, foi candidato presidencial pelo Partido Nazi, mas perdeu as eleições, fundando em seguida um pequeno partido político.”
Exemplar brochado, na sua quase totalidade por abrir, em bom estado de conservação. 
Invulgar. 
Indisponível

09 outubro, 2017

SILVA, José Ignacio Dias da - A CAMARA MUNICIPAL DE LISBOA. (Primeiros trabalhos de vivisecção em um corpo administrativo). CARTA a Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Carlos. Por... Lisboa, Typ. Adolpho de Mendonça, 1900. In-4.º (25,5cm) de 40 p. ; B.
1.ª edição.
Em carta aberta ao rei D. Carlos, o autor desanca a Câmara Municipal de Lisboa, não se esquecendo de zurzir no seu presidente e demais funcionários.
"Nao pareça estranho a Vossa Magestade, que alguem ouse dirigir-se-lhe por meio da imprensa. Communicar com Vossa Magestade é uma honra e é um direito; e a imprensa, ao mesmo passo que é um meio facil de exprimir ideias, é tambem uma formula moderna de civilisação, para significar o nosso sentir e para expôr os nossos queixumes. [...] A instituição municipal chegou em Lisboa ao ultimo descalabro. A Camara dos nossos dias foi composta de um modo verdadeiramente lastimoso. Sendo Lisboa a capital, imaginará Vossa Magestade que foram chamados a vereação homens de sciencia, artistas, professores, litteratos, hygienistas, industriaes, banqueiros ou capitalistas? Puro engano. Á frente da primeira municipalidade do paiz não se encontram homens n'essas condições, nem sequer um engenheiro, um medico, um advogado, um architecto ou um archeologo! Á parte quatro ou cinco proprietarios e commerciantes, homens de certo pezo, por sua independencia e austeridade de ideias, a Camara Municipal de Lisboa foi urnejada pelo sr. Conde do Restello, eleiçoeiro insigne, compondo-a de uns dois ou tres bons homens de mercearia, mais tres ou quatro bondosos boticarios, um excellente agente de funeraes, um professor de instrucção primaria, um mavioso picador e musico, cheio de flaccidezas, um amanuense de caixa, e um estudantinho vaidoso... Isto, Senhor, em Lisboa, na capital, na primeira e mais importante cidade, por sua situação geographica, pelo seu porto de primeira ordem, pelo seu commercio, e pela sua côrte!"
(excerto da Carta)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com defeitos.
Raro e muito curioso.
Com interesse olisiponense.
15€